A quantia representa cerca de 5% do investimento do serviço em streaming em produção de vídeos para 2018, que é estimada em sete mil milhões de dólares.

Como parte de um acordo feito com Otava, capital do Canadá, a Netflix vai abrir sua primeira produtora fora dos Estados Unidos no país, em troca de evitar ao máximo a regulação canadiana de conteúdo e contribuir para o fundo artístico do governo.

A empresa norte-americana concordou também em destacar o conteúdo produzido no Canadá, tanto nos serviços em inglês como em francês pertencentes à plataforma global.

"É muito importante para nós (Canadá) assistir e ouvir histórias que nos permitem ver quem somos, assim como aprendermos sobre o nosso papel no mundo",  afirmou Joly, ministra do Património. "Espero que isto (o acordo) sirva de modelo a ser seguido por outros países", acrescentou.

As emissoras locais pressionaram o governo para criar uma taxa sobre o serviço da Netflix, similar a contribuições pagas por essas empresas,  cujo valor poderia ser destinado ao fundo nacional. Os canais de televisão do Canadá devem também exibir uma quantidade definida de conteúdo nacional, medida que os serviços de streaming não são obrigados a seguir.

Facebook, Netflix, Spotify, YouTube e outras empresas de conteúdo online atingem o público do país diretamente, sem a necessidade de cumprir as medidas estabelecidas e obrigatórias seguidas pelos canais do país. A maioria do conteúdo é produzido fora do território do Canadá.

O acordo feito entre a Netflix e o governo perante a Lei de Investimento em vigência no país permite ao Canadá dar prioridade o conteúdo produzido no seu território enquanto evita impor novas regulações específicas para empresas do mundo Web.

Novas tendências de telespectadores

De acordo com a Comissão Canadiana de Rádio-Televisão e Telecomunicações (CRTC), cerca de 11 milhões de domicílios estavam conectados a cabos de internet e a sinal de TV via satélite em 2016.

Porém, esses números estão a cair, com uma estimativa de 200.000 ou 2% de assinantes de TV por assinatura a cancelar os contratos, conforme divulgado em abril no relatório intitulado "The Battle for the North American Couch Potato".

Esta tendência teve início em 2012, dois anos após o lançamento dos serviços em streaming oferecidos pela Netflix no Canadá, e espera-se que seja acelerada nos próximos anos, segundo o Grupo de Pesquisa de Convergência, responsável pelo estudo.

A Netflix, que segundo fontes do governo reúne aproximadamente cinco milhões de assinantes somente no Canadá, recusou-se a ser tratada como um canal tradicional.

Em 2015, o primeiro-ministro Justin Trudeau rejeitou o que tinha ficado conhecido como a "Taxa da Netflix", durante as eleições.