Inspirada na ativista ambiental Erin Brockovich, esta personagem põe na ribalta o ativismo de mulheres maduras, algo que raramente acontece em séries ou filmes de grandes estúdios norte-americanos.
"Penso que há dez anos não veríamos uma mulher mais velha a protagonizar, sem dúvida", disse Katey Sagal, de 67 anos, numa entrevista em Los Angeles com meios internacionais.
"Isso é um tropo [uma perspetiva, um argumento], que sinto que é importante quebrar. Por mais que neste mundo haja maior destaque para a diversidade, o tropo do preconceito de idade também tem de ser sublinhado", afirmou a atriz. "Os homens têm conseguido estar nesta posição em que estou agora há muitos anos, sem ninguém questionar que têm mais de 50 ou de 60".
Conhecida por personagens como Gemma Teller Morrow em "Sons of Anarchy", Peggy Bundy em "Married with Children" e Leela em "Futurama", Katey Sagal frisou a importância do seu novo papel como Annie Bello em "Rebel".
"Há dez anos sei que isto não aconteceria", reiterou. "Na América estamos sempre a promover a juventude e isso não é necessariamente um reflexo do mundo real. Há muita gente, em particular mulheres da minha idade, que são vibrantes, fortes, sensuais, inteligentes - e gosto de poder representá-las".
"Rebel", criada pela 'showrunner' de "Anatomia de Grey" Krista Vernoff, não conta propriamente a história da ativista Erin Brockovich, de 61 anos, mas é inspirada nela e tem o seu apoio.
"Encontrei-me com ela algumas vezes e captei a sua energia. Ela é uma pessoa extremamente energética e justiceira", descreveu Katey Sagal. "A Erin é incrível e está muito grata por este projeto estar a acontecer".
Na história, Annie - mais conhecida por Rebel - é uma ativista que luta contra uma fabricante de dispositivos médicos cuja válvula cardíaca causa problemas autoimunes em milhares de doentes.
As táticas da personagem são audazes e a roçar o escandaloso, permeando um contexto familiar desorganizado, com vários ex-maridos e filhos.
"A Rebel é uma mãe trabalhadora, a tentar encontrar o equilíbrio entre a família e o amor ao seu trabalho", descreveu Katey Sagal. "Tem uma necessidade de corrigir o que está errado. Não é um impulso do ego, é pela injustiça que vê e a tentativa de fazer com que as pessoas abram os olhos".
Mas esta paixão interfere com a sua vida familiar, algo que Sagal considera ser um dilema identificado por muitas mulheres.
"Não está a fazer tudo de forma graciosa, e isso para mim é muito baseado na realidade. Não conheço nenhuma mulher trabalhadora com filhos e marido que o consiga. Identifico-me com esse malabarismo".
Com ação baseada em Los Angeles, "Rebel" tem temas que apelam ao público internacional, considerou a atriz, traçando um paralelo com aspetos da situação atual no mundo.
"O que a Rebel faz é dar poder às pessoas para levantarem a sua voz. Considero que isso é uma das mensagens mais importantes que podemos passar para todo o mundo", afirmou.
"Isso é comum a todos, em especial no mundo em que estamos hoje. As pessoas precisam de falar por si próprias, não aceitar um não. Se você vê a verdade e alguém tenta convencê-lo do contrário, mantenha a sua posição".
A integridade das convicções da personagem é um aspeto importante, apesar de todos os problemas que causa. "A Rebel está do lado da justiça e é mais desagradável que outras mulheres que interpretei", disse Katey Sagal.
"É como um cão com um osso. Quando ferra os dentes nalguma coisa, não larga. Vê a verdade e defende-a, usando todos os meios necessários dentro de certos limites".
Além de Katey Sagal, a série conta com Andy Garcia (Cruz), John Corbett (Grady Bello), James Lesure (Benji), Lex Scott Davis (Cassidy), Tamala Jones (Jackie), Ariela Barer (Ziggie), Kevin Zegers (Nate) e Sam Palladio (Luke).
"Rebel" é produzida pela ABC Signature em associação com a Sony Pictures Television e estreia no Star da Disney+ a 28 de maio.
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