A série de ficção científica "The Orville", paródia idealizada por Seth MacFarlane, criador premiado da série animada "Family Guy" e argumentista e realizador de filmes como "Ted" e "Mil e Uma Maneiras de Bater as Botas", estreia duas semanas antes de "Star Trek Discovery", e os críticos já encontraram incríveis semelhanças entre as obras.

Asérie, que será transmitida pela Fox nos EUA, faz lembrar "Star Trek: A Nova Geração" apesar de as personagens não terem uniformes azuis.

Quando a série foi apresentada na conferência de imprensa da Associação de Críticos de Televisão, os jornalistas questionaram se a Fox não estaria preocupada em ser processada.

"A intenção de Seth é fazer algo que claramente preste homenagem a 'Star Trek'", explicou a CEO da Fox Television, Dana Walden.

"Ele também recorda Twilight Zone, uma série que examinava a condição humana no futuro, embora com histórias de teor mais moralista", acrescentou.

Passada no futuro, daqui a 400 anos, a criação de MacFarlane acompanha as aventuras da U.S.S. Orville, uma nave de exploração com uma tripulação que enfrenta as maravilhas e os perigos do espaço profundo, assim como problemas mais mundanos.

Abalado depois de um divórcio difícil, o oficial da União Planetária, Ed Mercer, interpretado pelo próprio MacFarlane, consegue a oportunidade de comandar a sua própria nave.

Determinado a provar o seu valor, o eu primeiro revés acontece quando o primeiro oficial designado para a sua nave é a sua ex-mulher, Kelly (Adrianne Palicki).

Leveza

Ed também tem de lidar com uma tripulação de aparência estranha, incluindo Bortus, um alienígena de uma espécie que tem apenas um sexo, uma forma de vida artificial oriunda de uma sociedade de máquinas e uma criatura gelatinosa.

Não é apenas na premissa que "The Orville" tem similaridades com "Star Trek".

Muitos dos membros da equipa são antigos colaboradores da série criada por Gene Roddenberry nos anos 1960, como o experiente produtor Brannon Braga, de "Star Trek: Nova Geração", de 1990, e que também foi consultor criativo de três das quatro séries derivadas da original.

A bordo também está Robert Duncan McNeill, que trabalhou em "Star Trek Voyager", e Jonathan Frakes, que interpretou o comandante Will Riker, na "Nova Geração".

Embora tenha a sua cota de piadas, a série é mais um drama cómico do que para uma paródia escancarada à la "A Mais Louca Odisseia no Espaço" (1987), de Mel Brooks, como sugere o departamento de marketing do canal.

"É um programa de uma hora de duração, não pode ser 'kkkkk' o tempo todo", afirma MacFarlane, um trekker ardoroso e confesso.

"Criámos uma ficção científica cómico-dramática. Deixámos espaço para a leveza que muitos programas de ficção científica não têm. Estamos a tentar explorar um novo terreno", explicou.

Concebida num período de programas mais leves, a série original de "Star Trek" era imbuída de um grande otimismo em relação ao futuro da Terra, mas, ao mesmo tempo, abordava temas delicados para a sua época, como a Guerra Fria, racismo e religião, de tal forma que é considerada o primeiro produto de contracultura da TV americana e era elogiada por nomes de peso como Martin Luther King e Isaac Asimov.

Pesadelo

Na conferência, MacFarlane explicou ainda que queria fazer uma ficção científica de tom mais leve, acrescentando que nem todas as obras têm de ser "Os Jogos da Fome", ou apresentar sempre um cenário de pesadelo.

"Estou cansado de ver coisas sombrias e pessoas a ser mortas por comida", desabafou. "Sinto falta do lado esperançoso da ficção científica. Agora, as coisas são muito pesadas", completou.

MacFarlane destacou ainda que a sua série terá um tom diferente do que aparentemente promete ser o de "Star Trek: Discovery".

"Acho que eles escolheram uma direção diferente, e isso tem funcionado muito bem nos últimos anos. O que aconteceu é que, durante algum tempo, esse espaço ficou relativamente vazio. De muitas maneiras, 'James Bond' também adotou um tom diferente do 'James Bond' clássico e, depois, 'Homem de Ferro' seguiu o mesmo caminho", comparou.

"The Orville" deve alcançar um público maior do que "Discovery", já que a Fox é um canal aberto.

"Discovery" será exibido pelo serviço de streaming da CBS a partir de 24 de setembro, abrangendo um público mais específico.

"Acho que há lugar para duas séries passadas numa nave espacial", disse o produtor-executivo de "The Orville", David Goodman.