A abertura ao público do Cinema Batalha, no Porto, prevista para este mês, foi adiada para setembro, devido a atrasos na obra de requalificação, foi hoje anunciado.

Em comunicado, a Câmara do Porto revela que a falta de matéria-prima, nomeadamente, de vidro, alumínio, ferro e cobre adiam a obra por mais cinco meses e "forçam a sua conclusão" para o princípio do verão,

A reabertura ao público do Cinema Batalha, inicialmente prevista para este mês, acaba assim por ser adiada para setembro, devido ao atraso na obra, esclarece a empresa municipal GO Porto - Gestão e Obras do Porto

"Desde o início dos trabalhos no Cinema Batalha que se verificou que o edifício apresentava um elevado estado de degradação, fruto de diversas inundações sofridas no período anterior à consignação, o que se refletiu num conjunto de contrariedades: rebocos danificados, pavimentos de madeira que tiveram de ser substituídos, tetos que caíram e danificaram cadeiras de cinema que estava previsto serem aproveitadas, existência de fibrocimento na cobertura e em algumas paredes que estava oculto, e uma série de outras imprevisibilidades que originaram trabalhos inicialmente não previstos", esclarece a autarquia.

Aos constrangimentos da obra, juntaram-se os "efeitos da pandemia", que, "continua a afetar gravemente o normal desenvolvimento dos trabalhos".

Citada no comunicado, a vice-presidente da GO Porto, Cátia Meirinhos, salienta que esta fase "está verdadeiramente crítica, pois não há prazos de entregas de materiais e os valores continuam instáveis e a subir".

Segundo aquela responsável, além da falta de vidro, alumínio ou ferro, houve também "uma falha na entrega dos contraplacados ignífugos, supostamente assegurados desde o início da obra, não havendo nova produção de perfis e acessórios em cobre, material existente nos corrimãos, puxadores e em alguma sinalética".

A par dos anteriores componentes, Cátia Meirinhos diz haver também escassez de outras matérias, como componentes de eletrónica.

"Atualmente, subempreiteiros e fornecedores não garantem entregas, nem prazos, nem preço", nota, acrescentando que tal implicou uma redução na mão-de-obra que chegou a rondar os 100 a 150 trabalhadores e que agora se fixa em 20 a 30 pessoas.

"São constantes as equipas ausentes, devido a isolamentos profiláticos", acrescenta.

O Tribunal de Contas (TdC) emitiu em outubro de 2019 o parecer positivo para a empreitada de reabilitação do Cinema Batalha, orçada em 3,95 milhões de euros, anunciou então a Câmara do Porto.

A empreitada, que teve início teve início a 18 de novembro de 2019 foi adjudicada em junho à Teixeira, Pinto & Soares, S.A.

Para além de duas salas de projeção - a Sala Grande com 341 lugares e a Sala Estúdio com 126 lugares - o Batalha terá um espaço de galeria dedicado às artes visuais, uma biblioteca especializada em cinema, e ainda uma mediateca dedicada ao património fílmico da cidade do Porto.

O projeto, que está a cargo do arquiteto Alexandre Alves Costa e do Atelier 15 Arquitetura, contempla um bar, resultante da recuperação do antigo salão de chá e café e que estará equipado para exibições e performances.

Propriedade da empresa Neves & Pascaud, o imóvel foi sala de cinema entre 1947 e até 2000, ano em que foi encerrado. Manteve-se fechado até 2006, reabrindo como espaço cultural pelas mãos da Associação de Comerciantes do Porto (ACP).

No fim de dezembro de 2010, a ACP acabaria por entregar as chaves do edifício devido a "prejuízos mensais avultados".