A Academia de Artes e Ciências Cinematográficas concretizou as mudanças drásticas para aumentar diversidade que tinha prometido na terça-feira, após nenhum ator negro estar entre os 20 nomeados para os Óscares pelo segundo ano consecutivo.

Com várias estrelas a ameaçarem boicotar a cerimónia e a polémica a não dar sinais de abrandar desde o anúncio dos nomeados a 14 de Janeiro (a mais recente reação é a da nomeada Charlotte Rampling), a Comissão de Governadores não esperou pela reunião marcada para dia 26.

Num encontro de urgência na quinta-feira à noite, foram aprovadas por unanimidade o que a organização chama "mudanças substanciais destinadas a tornar a sua composição, comissões e votantes significativamente mais diversificadas".

O objetivo é duplicar até 2020 o número de mulheres e a diversidade de membros da Academia, que tem quase seis mil membros.

Cheryl Boone Isaacs, Presidente da Academia, salientou que esta "vai liderar e não esperar que a indústria acompanhe os novos tempos", numa óbvia referência à falta de projetos cinematográficos relevantes no seu seio que empreguem minorias.

"Estas novas medidas em matéria de administração e votação vão ter um impacto imediato e iniciar o processo de mudar significativamente a nossa composição", acrescentou a Presidente,

O que vai afinal mudar?

Uma das alterações parece ir ao encontro ao que é uma das maiores queixas: a existência de demasiados votantes que há muito não estão envolvidos ativamente na indústria cinematográfica e por isso seriam menos sensíveis às suas mudanças e mais conservadores nos gostos, contribuindo para que a média de idades seja elevada (julga-se que será de 63 anos).

"Começando mais tarde este ano, o estatuto de cada novo membro irá durar 10 anos e será renovado que o novo membro tiver estado ativo no cinema durante essa década. Além disso, os membros vão receber direitos vitalícios de votação após três termos de 10 anos; ou se tiverem ganho ou sido nomeados para um Óscar. Iremos aplicar estes mesmos padrões retroativamente aos atuais membros. Por outras palavras, se um atual membro não tiver estado ativo nos últimos dez anos ainda pode qualificar-se ao preencher o outro critério.", esclarece o comunicado.

Este critério protege assim a "dignidade" de ganhar ou ser nomeado para um Óscar na situação por exemplo dos atores Kirk Douglas ("Spartacus") ou Olivia de Havilland ("E Tudo o Vento Levou"), quase a fazer 100 anos e que há vários anos não fazem filmes, mas que estão entre os mais antigos e lendários membros da Academia.

Para os que não se qualificarem para o estatuto ativo está reservado um "estatuto emérito" em que os membros "não pagam quotas mas beneficiam de todos os privilégios da filiação, exceto votar", salienta a Academia, que acrescenta que isso ainda não vai afetar a votação para os Óscares deste ano.

Também vai ser espevitado o processo de entrada de novos membros na Academia.

Até agora, o convite para entrar podia surgir através de uma nomeação para os Óscares ou se dois membros patrocinassem um candidato do mesmo ramo (a Academia tem 17, que vão desde atores a realizadores, argumentistas, etc.), que depois era avaliado pela Comissão de Governadores, formada por representantes de todos os ramos eleitos para mandatos de três anos.

A Academia propõe-se agora completar esse processo lançando "uma campanha ambiciosa e global para identificar e recrutar novos membros que representem maior diversidade".

Serão também adicionados novos membros que não são governadores para os comités da Academia onde são tomadas as decisões importantes sobre a sua composição e administração, o que lhes dará, de acordo com o comunicado, "a oportunidade de se tornarem mais ativos no processo de decisão da Academia e ajudar a organização a identificar e estimular os futuros líderes."

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