O festival, dedicado à arte audiovisual, para lá das fronteiras do que é o cinema, contará com exibição de filmes, seminários, oficinas, debates - tudo 'online' -, e com uma programação especial dedicada à obra artística de Welket Bungué.
"O que mais impressiona na obra de Welket é uma abertura, uma predisposição a um diálogo essencial, espiritual entre os seres humanos", afirma a direção do festival na página oficial, elogiando o "cérebro audiovisual efervescente" do artista lusófono.
O 14.º Cine Esquema Novo decorrerá até ao dia 15 e de Welket Bungué serão exibidas seis obras, produzidas entre 2015 e 2020, algumas das quais inéditas para o público brasileiro.
Entre as obras selecionadas estão "Cacheu Cuntum" (2020), que remete para o porto na Guiné-Bissau de onde partiram escravos para o continente americano, "Bustagate" (2020), sobre violência policial nas periferias de Lisboa, e "Mudança" (2021), rodado com a socióloga e deputada Joacine Katar Moreira.
Welket Bungué "utiliza a sua trajetória geográfica e pessoal para super-amplificar o corpo performático. E para revisitar uma noção de identidade (neo)colonial que é difícil a qualquer brasileiro com senso crítico ficar indiferente", descreve o festival.
Welket Bungué nasceu na Guiné-Bissau em 1988, cresceu em Portugal, onde se licenciou em teatro, estudou também no Brasil e vive atualmente em Berlim.
Tem mais de uma dezena de curtas-metragens enquanto realizador, e trabalha em representação há mais de uma década.
Participou em séries televisivas, como "Equador", "Morangos com açúcar" e "Os filhos do rock", e entrou em filmes como "Joaquim", do brasileiro Marcelo Gomes, produções portuguesas "Cartas da guerra", de Ivo Ferreira, "Quarta divisão", de Joaquim Leitão, e "Berlin Alexanderplatz", do realizador alemão Burhan Qurbani, que lhe valeu um prémio de representação em 2020 no Festival Internacional de Cinema de Estocolmo.
Da restante programação do festival Esquema Novo fazem parte ainda, entre outros, "13 Ways of Looking at a Blackbird", da artista brasileira Ana Vaz, que vive e trabalha em Portugal, e "A chuva acalanta a dor", curta de ficção do realizador Leonardo Moramatheus, com coprodução portuguesa.
Impedidos de fazer uma edição com sessões em sala, por causa da situação crítica da pandemia da covid-19 no Brasil, o festival decidiu "tirar partido de algumas vantagens" que o ambiente virtual proporciona: "Vai ser possível assistir a todas as obras e levar a conversa para as redes sociais", explicou a diretora do festival, Jaqueline Beltrame.
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