Depois de conquistar o mundo como um traficante de metanfetamina, Bryan Cranston agora está do lado certo da lei: em "The Infiltrator", ele interpreta um agente que desmantela as finanças de Pablo Escobar em Miami.
"The Infiltrator", com Cranston e John Leguizamo como dois policias que trabalham infiltrados e Benjamin Bratt como um narcotraficante em Miami vinculado a Escobar, estreia esta semana nos Estados Unidos, funcionando como contra-programação na época dos grandes 'blockbusters'. Tem estreia marcada para 15 de dezembro em Portugal.
Dirigido por Brad Furman, o filme é o mais recente de uma série de produções sobre o narcotraficante colombiano, que dominou o planeta nos anos 1980 graças ao seu reinado no mercado da cocaína.
Morto a tiro pela polícia do seu país em 1993, a indústria do cinema e da TV está a transformar lentamente Escobar numa lenda, tal como aconteceu com Al Capone ao longo do século passado.
Os exemplos mais populares até agora talvez sejam a série colombiana "Pablo Escobar: El Patrón del Mar", a série do Netflix "Narcos", com o brasileiro Wagner Moura como protagonista, e o filme "Escobar: Paraíso Perdido", dominado por Benicio del Toro.
"Pablo Escobar é lendário", contou Bryan Cranston à agência AFP num hotel de Miami durante um evento promocional de "The Infiltrator".
"Ele é uma figura icónica e existe algo de tabu sobre ele. Ele é maior do que a vida, trouxe muito medo e desconfiança de um lado, e ainda assim fez algumas coisas muito boas no seu país. Assim, muitas pessoas estavam em conflito sobre como se sentiam sobre ele, mas no final a sua maldade superou a sua generosidade e isso serve para boas histórias".
Cranston tem conhecimento de causa. Ele tornou-se uma estrela mundial e venceu quatro prémios Emmy graças ao papel de Walter White, o professor de Química que vira produtor e traficante de metanfetamina na série "Breaking Bad - Ruptura Total", que chegou ao fim em 2013, aclamada por público e crítica.
"Todos amam as histórias de gangsters", continuou o ator.
"São histórias onde alguém vem do nada e, graças à sua força ou inteligência ou o que for necessário, chega ao poder. É uma espécie de sonho americano".
Como personagem, Pablo Escobar não aparece fisicamente em "The Infiltrator". Ele é um fantasma, um nome que se menciona com medo, o papão que todos temem.
O agente federal Robert Mazur (Cranston) entra em contato com Roberto Alcaíno (Benjamin Bratt), um ajudante de Escobar em Miami que precisa lavar a gigantesca quantidade de dinheiro arrecadada pelo seu chefe.
Com métodos bastante rudimentares, Mazur conseguiu virar um 'expert' em finanças clandestinas e infiltrar-se na equipa de Escobar nos anos 1980 e lavar milhões de dólares da cocaína.
Uma história real
"The Infiltrator" é baseado numa história real publicada em 2009 pelo verdadeiro Robert Mazur, num livro biográfico com o mesmo título.
O trabalho de Mazur e dos seus colegas provocou a acusação de mais de 100 narcotraficantes e banqueiros corruptos, bem como o colapso, em 1991, do Bank of Credit and Commerce International, uma das instituições que mais lavava dinheiro no mundo.
Além do aspeto histórico, a longa-metragem explora o percurso emocional de um agente infiltrado que precisa conquistar a confiança dos criminosos e, ao mesmo tempo, evitar um grande envolvimento com eles.
"O que atrai neste filme é que a sofisticação das personagens está de acordo com o que sentimos sobre as pessoas", diz Cranston.
Num momento, o agente Mazur precisa decidir se entrega ou não um criminoso que se tornou um grande amigo, Roberto Alcaíno, um simpático narcotraficante interpretado por Benjamin Bratt, conhecido pelo papel de Rey Curtis na série "Lei & Ordem".
"Ele é a definição fácil do tipo mau", afirmou Bratt à AFP.
"Mas vamos olhar para ele . É o reflexo no espelho do protagonista do filme. Ele é um amigo decente e leal, um homem de família confiável".
"Mas no fim ele tem que cumprir o seu dever e fazer o que está certo, mesmo que isto provoque algum incómodo", concluiu Bryan Cranston.
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