O romance, editado em Portugal no ano passado pela Elsinore, vai ser transformado em guião pela sua autora e a longa-metragem vai ser dirigida pela realizadora peruana Claudia Llosa, sobrinha do escritor Mário Vargas Llosa, que, em 2009, venceu o Urso de Ouro no Festival de Berlim, com o filme “A Teta Assustada”.

Produzido pelo oscarizado Mark Johnson (“Rain Man”, “Breaking Bad”), o filme vai começar a ser filmado no início de 2019, no Chile.

“Distância de Segurança” foi o romance de estreia de Samantha Schweblin e aborda a questão das alterações ecológicas e do uso de agrotóxicos, tendo feito da autora finalista do Prémio Man Booker International 2017.

Esta “Distância de Segurança” é também a distância calculada pela protagonista, que a separa da possibilidade de socorrer a filha numa situação de risco.

“Penso sempre no pior dos casos. Agora mesmo estou a calcular quanto tempo demoraria a sair a correr do carro e a chegar até junto da Nina, se ela de repente corresse até à piscina e se atirasse. Chamo-lhe ‘distância de segurança’, é assim que chamo a essa distância variável que me separa da minha filha, e passo metade do dia a calculá-la, embora arrisque sempre mais do que devia”, conta a certa altura.

Esta distância de segurança e a angústia do medo de perder um filho são linhas orientadoras da história, que é narrada simplesmente através de uma conversa entre a mulher, Amanda, que se encontra numa cama de hospital com poucas horas de vida, sem saber por que está a morrer, nem onde está a filha, e um rapaz, David, filho de uma amiga de Amanda, que a exorta a lembrar-se do que a levou até lá.

Mas na base da história estão os efeitos catastróficos que alterações ecológicas tiveram numa comunidade rural argentina, sobretudo nos filhos, e elementos de sobrenatural e feitiçaria que infundem algum terror à história.

Segundo a editora, este romance coloca o leitor repetidamente perante questões como: “Existe algum apocalipse que não seja pessoal? Qual é o ponto exato em que, sem o sabermos, damos um passo em falso e nos condenamos? Até onde nos é possível controlar o mundo em redor?”.

Nascida na Argentina, em 1978, Samanta Schweblin, já tinha escrito dois livros de contos: o primeiro, “El núcleo del Distúrbio”, venceu o concurso nacional Haroldo Conti e o primeiro prémio do Fundo Nacional das Artes; o segundo, “Pássaros na boca” (editado em Portugal pela Cavalo de Ferro), venceu o Prémio Nacional das Artes e o Prémio Casa das Américas.