“A partir de dia 02 de março [terça-feira], a distribuidora portuguesa Agência – Portuguese Short Film Agency e a Cooperativa de Produção Cultural Curtas Metragens CRL juntam-se à iniciativa ‘Filmes para a União’, no contexto da qual passarão a disponibilizar, às terças-feiras, neste videoclube solidário, produções da Curtas Metragens CRL, agenciadas pela Agência”, lê-se num comunicado hoje divulgado.

Em meados de fevereiro deste ano, as produtoras portuguesas O Som e a Fúria, Terratreme Filmes e Uma Pedra no Sapato criaram a “Filmes para a União”, que reúne longas e curtas-metragens produzidas pelas três produtoras, disponibilizadas na plataforma digital Vimeo, e cujo valor do aluguer será canalizado para a União Audiovisual, grupo de apoio a profissionais da Cultura, surgido em contexto de pandemia da COVID-19.

A produtora O Som e a Fúria já tinha avançado em janeiro com a iniciativa de disponibilizar online alguns dos filmes já produzidos e exibidos em festivais, recuperando a "tradição das estreias", às quintas-feiras.

O projeto foi alargado em fevereiro, com as duas outras produtoras, juntando cerca de 30 filmes, e com uma intenção solidária.

A programação semanal está calendarizada até maio, e as condições de acesso são disponibilizadas em filmesparaauniao.wordpress.com.

Os filmes da produtora Terratreme são disponibilizados às segundas-feiras, os de Uma Pedra no Sapato, às quartas-feiras e, os da O Som e a Fúria, às quintas-feiras.

Juntam-se agora os filmes da Agência e da Curtas Metragens CRL, que serão disponibilizados às terças-feiras.

“A glória de fazer cinema em Portugal”, de Manuel Mozos, “A rua da estrada”, de Graça Castanheira, e “Vila do Conde Espraiada”, de Miguel Clara Vasconcelos, entre outros, juntam-se assim a filmes como a “A fábrica de nada”, de Pedro Pinho, “Ama-San”, de Cláudia Varejão, “Balada de um batráquio”, de Leonor Teles, “As mil e uma noites”, de Miguel Gomes, “Zama”, de Lucrecia Martel, e “Linha Vermelha”, de José Filipe Costa, no ‘catálogo’ de “Filmes para a União”.

“Estamos perante uma crise no nosso setor, que não passa só pela questão de não termos salas para pôr os nossos filmes, mas impede a nossa atividade regular de produtoras. [...]. Tem um impacto bastante negativo na criação de emprego no setor e as pessoas que dependem deste setor - que são profissionais, técnicos, atores, e há quem não consiga ter trabalho -, estão a viver imensas dificuldades”, alertou o produtor Luís Urbano, da O Som e a Fúria, em declarações à Lusa em meados de fevereiro.

Com as salas de cinema novamente encerradas, por causa das medidas de contenção da COVID-19, e com o aumento do consumo de conteúdos audiovisuais em televisão e plataformas de streaming, este tipo de iniciativas pode ser também um balão de ensaio para o futuro, como admitiu Luís Urbano.

“Tudo que eram as regras da janela de exibição de filmes estão neste momento alteradas. Num cenário de pós-pandemia, o que é que vai acontecer? Não sabemos. É possível que nos próximos dois, três anos, o online ganhe uma relevância como complemento, e por vezes até alternativa, à exibição do cinema. Vamos ver o que sobrevive no cenário pós-pandémico. Vamos ver como é que a rede de salas conseguirá sobreviver e se se conseguirá manter”, disse na altura.

Em 2020, as salas de cinema também estiveram encerradas durante mais de dois meses e reabriram de forma gradual em junho, mas a assistência fixou-se em níveis muito baixos, fazendo com que se registassem perdas de mais de 75% tanto em número de espectadores como em receitas de bilheteira, comparando com 2019.

A União Audiovisual é um grupo de entreajuda criado em março de 2020, quando a atividade cultural ficou paralisada por causa da COVID-19, e conta com cerca de duas dezenas de pontos de recolha de bens alimentares e de primeira necessidade, no continente e nos Açores, que são distribuídos por profissionais das artes audiovisuais.