Quando
Mário e Pedro Patrocínio disseram que tinham entrado no
Complexo do Alemão, uma das mais perigosas favelas do Rio de Janeiro, chamaram-lhes doidos. Nunca tinham pensado em contar a história daquele mundo mas acabaram por conseguir um acesso quase exclusivo ao dia-a-dia daquele «morro» de favelas.
A ideia surgiu a par do convite para realizar o videoclip «Por Amor», de MC Playboy, rapper do Complexo do Alemão. Seguiram-se quatro anos de trabalho num mundo dominado pelos narcotraficantes do Comando Vermelho e onde vivem mais de 300 mil pessoas.
A rodagem do documentário acabou por ser uma experiência «única», diz ao SAPO Cinema Pedro Patrocínio, director de fotografia do documentário que retrata as rotinas de quatro personagens no Complexo do Alemão: Dona Célia, Seu Zé, MC Playboy e os traficantes.
Viveram lado a lado com os habitantes do Complexo e precisaram da «bênção» dos traficantes para poderem entrar com as câmaras. Ainda assim garantem que nunca foram condicionados. «Só nos pediram que falássemos verdade», explica
Henrique Salgado, produtor do documentário.
Com o irmão Mário (realizador do documentário) nos EUA para receber o prémio do Artivist Film Festival de direitos humanos, o SAPO Cinema esteve à conversa com Pedro Patrocínio e o produtor Henrique Salgado.
A recente mega-operação militar no Complexo do Alemão atirou o documentário para a ordem do dia, com muita expectativa sobre o futuro do Complexo do Alemão. Os irmãos Patrocínio já disseram que querem voltar para filmar
«Complexo 2».
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