Todos os anos, os estúdios de Hollywood gastam milhões de dólares para promover as suas estrelas e os seus filmes junto da imprensa especializada, para poderem influenciar os 5.829 profissionais da
Academia de Ciências e Artes Cinematográficas, que votam nos vencedores das estatuetas douradas mais cobiçadas pela indústria do entretenimento.

Mas os responsáveis pelos departamentos de relações públicas empenhados nessa tarefa têm de respeitar algumas regras da Academia, criadas precisamente para evitar qualquer suspeita de corrupção.

Por isso, e para evitar os excessos cometidos no passado, é terminantemente proibido enviar qualquer material aos eleitores por via pessoal e as cópias de DVD devem ser embaladas de forma que não se veja qualquer tipo de material promocional.

Também é proibido organizar sessões de perguntas e respostas entre os eleitores da Academia e os nomeados, para evitar qualquer tentativa de influência de voto. Quem violar esses princípios expõem-se, em teoria, a sanções que podem levar à própria exclusão do Óscar.

No entanto, segundo os especialistas do sector, os estúdios tentam sempre contornar os impedimentos para alcançar os seus objectivos, organizando com frequência, por exemplo, recepções em homenagem aos nomeados, onde, como que por acaso, membros da Academia figuram entre os convidados.

«Trata-se de uma área cinzenta. Porque a Academia não pode dizer: Vocês não podem ir a essa festa!», explicou Pete Hammond, especialista da cerimónia dos Óscares e crítico de cinema da publicação masculina "Maxim". «Se se tornar muito evidente que estes eventos se destinam a fazer campanha, então eles serão punidos. Mas isto já acontece há algum tempo e ainda ninguém saiu prejudicado», acrescentou.

Os estúdios também encontraram outro subterfúgio na organização de debates com os sindicatos de profissionais de Hollywood, que fazem parte dos eleitores. Por exemplo, o
Sindicato dos Actores (SAG), cujo peso dentro da Academia é importante, representa 25% dos votantes.

Outras empresas utilizam a internet para promover os seus nomeados, principalmente em sites muito frequentados como o YouTube. «É uma forma muito astuta de mostrar às pessoas o desempenho de um actor», enfatizou Hammond.

Para o nomeado, o jogo de relações públicas tem muito a ver com o seu sucesso posterior na noite dos Óscares, segundo Jeff Bock, analista da Exhibitor Relations, empresa especializada em dados de bilheteira. Ainda por cima, se o número de bilhetes vendidos pode aumentar depois das nomeações, o impacto da entrega de um Óscar faz-se sentir sobre a venda e aluguer de DVD's.

«As nomeações fazem aumentar as receitas de bilheteira durante um mês e meio, mas, em termos de DVD, a venda dispara, principalmente para o título que ganhar o Óscar de melhor filme», afirma Bock. «Colocar a imagem do Óscar na caixa do DVD representa até 30 milhões de dólares a mais de lucro», explicou o especialista.

SAPO/AFP

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