A Netflix continua a enfrentar a resistência por parte das associações ligadas à distribuição de filmesna Europa.

A HDF Kino, a maior associação de cinema na Alemanha, cujos membros têm mais de 3200 ecrãs , diz que os filmes da plataforma de streaming não são bem-vindos no Festival de Berlim.

Em exclusivo ao Deadline, Thomas Negele, CEO da organização, disse que os membros que representa não ficariam contentes se o festival que se realiza todos os anos em fevereiro fosse usado indevidamente como rampa para o lançamento simultâneo dos filmes na Netflix.

Acrescenta ainda que as salas de cinema se devem reinventar para se tornarem mais relevantes para os seus clientes, mas acredita que a Netflix está a usar os festivais como um "palco" para conquistar realizadores e produtores.

O Festival de Berlim alinha com a posição de Cannes, que não permite a presença de filmes das plataformas de streaming que não tenham distribuição assegurada em salas de cinema.

A HDF Kino assume ainda uma posição de solidariedade com a das congéneres italianas ligadas às salas de cinema, que condenaram a presença dos filmes Netflix no Festival de Veneza, defendendo que este se tornou um instrumento de marketing para a plataforma.

Foram seis os títulos e um deles, "Roma", de Alfonso Cuarón, ganhou o prémio máximo, o Leão de Ouro. Outro, "Sulla mia pelle", ficou disponível na plataforma ao mesmo tempo que estava no evento.

"Roma"

Ao mesmo tempo que a Netflix aumenta o número de subscritores, o cerco europeu aumenta com o que alguns acreditam ser um aproveitamento dos financiamentos públicos e, tal como fazem Google e Amazon, das regras fiscais para pagar impostos insignificantes sobre os seus lucros.

Várias organizações de entretenimento de cinema e televisão, mas também políticas, colocam em dúvida se a Netflix está a contribuir o suficiente para os ecosistemas económicos e culturais dos quais retira tantos benefícios.