(Notícia corrigida a 19 de outubro com a data correta do espetáculo interdisciplinar “As Filhas do Fogo”)

O Porto/Post/Doc regressa em novembro com 22 filmes produzidos em Portugal ou de expressão portuguesa, com destaque para cineastas como Salomé Lamas, Susana Nobre e Welket Bungué e um espetáculo interdisciplinar de Pedro Costa e Músicos do Tejo.

O festival começa a 20 de novembro e termina dez dias depois com o espetáculo interdisciplinar “As Filhas do Fogo”, do realizador Pedro Costa e dos Músicos do Tejo, “onde se retrata a fuga de três jovens irmãs de uma erupção devastadora do vulcão Fogo em Cabo Verde”.

“Entre o teatro, o cinema, a performance e o musical, o cineasta e o coletivo de música barroca reinventam um espetáculo que percorre os dias e as noites, a miséria, a escuridão dos becos, e a vida invisível de tantos migrantes”, a 30 de novembro, no Coliseu do Porto, adianta a organização em comunicado.

"Mais de um ano volvido desde o aparecimento da pandemia [de COVID-19], o tema central para a edição de 2021 segue o repto 'Ideias para Adiar o Fim do Mundo'", inspirado num livro do ambientalista indígena brasileiro Ailton Krenak, para abordar questões sobre ambiente, política e consumo, tinha já sido revelado em julho.

Entre as novidades hoje anunciadas está o mais recente trabalho de Susana Nobre, “No Táxi do Jack”, “um 'road-movie' sobre as condições do trabalho em Portugal, conduzido pelo sexagenário Joaquim Calçada, um ex-emigrante perto da reforma que se vê obrigado a cumprir as regras e burocracias exigidas pelo centro de emprego, para usufruir do subsídio”.

Salomé Lamas “volta a explorar o tema do contacto humano e da nossa convivência” em "Hotel Royal", enquanto Welket Bungué apresenta, em "Mudança", uma “conversa-análise” com a deputada independente Joacine Katar Moreira “em torno da essência dos seus trabalhos” que deixa “sinais de uma revolução iminente”.

Na mesma secção, o argentino Matías Piñeiro e o galego Lois Patiño trazem, em estreia nacional, “Sycorax”, um filme rodado nos Açores que parte de “A Tempestade”, de William Shakespeare.

Destaque também para o regresso do brasileiro Eryk Rocha, com “Edna”, uma “narrativa híbrida” que parte do diário da protagonista “e reencena os fantasmas do colonialismo (passado e presente)”.

Há ainda espaço para “Distopia”, de Tiago Afonso, “Sortes”, de Mónica Martins Nunes, “Madalena”, de Madiano Marcheti, “Transviar”, de Maíra Tristão, e a “Última Floresta”, de Luiz Bolognesi.

Além das novidades anunciadas hoje, o festival tinha já revelado que irá abrir com a exibição de uma cópia restaurada do filme mudo “Maria do Mar”, de Leitão de Barros, acompanhada pela Orquestra Sinfonietta de Lisboa, com direção musical de Vasco Pearce de Azevedo, a partir de uma partitura original escrita por Bernardo Sassetti para este filme.

O cartaz tem também, por exemplo, "Who we were", de Marc Bauder, exibido este ano no Festival Internacional de Cinema de Berlim, com a participação de intelectuais e investigadores sobre ciência e o futuro, o premiado "Amanhã", de Cyril Dion e Mélanie Laurent, e "Nuestra voz de tierra, memoria y futuro", filme de 1981 da antropóloga colombiana Marta Rodríguez e do marido, o fotógrafo Jorge Silva.

A oitava edição do Porto/Post/Doc está marcada para os dias 20 a 30 de novembro, nas salas do Teatro Municipal do Porto, do Cinema Passos Manuel e do Coliseu, na Casa Comum da Reitoria da Universidade Porto e no Planetário do Porto - Centro Ciência Viva.

À semelhança do que aconteceu em 2020, em contexto de pandemia, o festival contará com uma extensão 'online', com grande parte dos filmes selecionados.

A programação poderá ser consultada em portopostdoc.com.