Intitulado «Johnson» e com o subtítulo «O reverso da medalha», o documentário conta a história, narrada pelo próprio, de João Semedo Tavares, de 40 anos, dirigente da associação Moinho da Juventude, no Bairro da Cova da Moura, na Amadora, considerado um exemplo de reintegração depois de um percurso de marginalidade que culminou com dez anos passados na cadeia.
A obra, com cerca de 45 minutos de duração e que deverá ficar concluída dentro de duas semanas, pretende fazer o retrato de alguém que teve um «passado conturbado e deu a volta», afirmou o realizador à agência Lusa.
A ideia para fazer o filme surgiu a
Nuno Cibrão quando fez um trabalho para televisão na Cova da Moura, bairro considerado problemático, maioritariamente habitado por imigrantes ou descendentes de origem africana.
«Começou por ser um trabalho sobre o ‘Moinho da Juventude’», associação que faz trabalho com crianças e jovens do bairro, «mas acabou por ser a história do ‘Johnson’», alcunha por que é conhecido o protagonista naquela comunidade, onde mora com a mulher e os dois filhos. Atualmente, trabalha na agência Lusa.
O «carisma» de João Tavares foi um dos motivos que pesou na decisão de alterar o foco da história, confessa o realizador, enumerando depois parte da sua atividade: acompanha 70 crianças, é encarregado de educação de algumas delas e é formador e treinador desportivo de várias equipas, entre outras atividades em prol da comunidade.
No trailer de apresentação do documentário, João Tavares aparece na prisão-escola de Leiria numa sessão onde foi contar a jovens reclusos como mudou de vida.
«O que é que eu posso fazer para que outros não tenham que bater com a cabeça na parede para perceberem que está lá a parede?», interroga-se durante a palestra, na qual avisa os reclusos: «As portas não vão abrir-se à primeira. Mentalizem-se disso».
Noutro momento do documentário afirma, falando sobre os jovens apanhados na rede da marginalidade: «A vida fácil não é tão fácil como eles pensam».
O filme, que o realizador pretende ver passado no circuito internacional de documentários, foi feito sem orçamento e teve como custos apenas as despesas de alimentação e deslocações da equipa, que trabalhou gratuitamente, ou aluguer de equipamento, suportados pelo realizador.
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