O Ministro da Cultura de Itália rejeitou envolver-se na polémica que surgiu após o Leão de Ouro do Festival de Veneza ter sido atribuído a "Roma", uma produção Netflix.

"Barbera é o diretor artístico e as escolhas artísticas pertencem ao diretor artístico", afirmou Alberto Bonisoli esta terça-feira, referindo-se a Alberto Barbera, responsável pela programação do festival.

Sem colocar de parte outras decisões que possam surgir do debate que está instalado, incluindo taxar a plataforma de streaming, acrescentou: "Quero que a Itália permaneça um país que faz filmes. Este ano, o Festival de Veneza foi um sucesso. É a edição com maior credibilidade a nível mundial. Devemos ficar felizes por isso".

Ninguém colocou em causa a decisão do júri presidido por Guillermo del Toro ou o mérito artístico de "Roma" , mas várias organizações italianas, incluindo a que representa realizadores e argumentistas e a associação católica de exibidores de cinema, tinham descrito o festival como um "instrumento de marketing" para a Netflix, apelando a Bonisoli para lançar uma investigação à promoção que era dada à plataforma já que a "Mostra del Cinema" é paga com subsídios públicos.

Ainda antes de Veneza começar já existiam críticas à presença da Netflix na secção competitiva pois as suas produções não serão vistas nas salas de cinema mundiais.

Outro argumento era que o festival estava a dar "grandes recursos" à plataforma, tornando ainda mais difícil a posição dos cinemas italianos e europeus.

Alberto Barbera defendeu as suas escolhas, dizendo que acompanhavam as alterações na indústria, em contraste com a organização do Festival de Cannes, que recusou ter na programação títulos sem exibição assegurada nas salas de cinema do país.

Como a legislação francesa só permite que os filmes que cumpram essa regra só cheguem ao streaming três anos mais tarde, a Netflix optou por bater a porta com estrondo e com isso ganhou, como se viu, Veneza.