A poucos dias da cerimónia dos Óscares, Hollywood analisa se deve abordar, e como, a invasão russa da Ucrânia, se inicia campanhas de angariação de fundos ou convida o presidente Volodymyr Zelensky a falar na cerimónia através de vídeo.

Como mostraram as advertências de Leonardo DiCaprio sobre a crise climática ou a indignação de Joaquin Phoenix pela inseminação artificial de vacas, os famosos raramente são tímidos na hora de fazer declarações políticas nos prémios da Academia, apesar das acusações de hipocrisia.

"Tudo depende da forma que abordarão o assunto", disse Scott Feinberg, colunista da revista The Hollywood Reporter, em uma entrevista à France-Presse (AFP).

"Se parece que é apenas bajulação ou sermão, não vai acabar bem. Mas se for algo sincero e significativo, acho que terá um resultado diferente", acrescentou.

Um exemplo de como as estrelas de Hollywood utilizam a sua plataforma para alcançar objetivos reais é a campanha de arrecadação de fundos criada pela atriz Mila Kunis, nascida na Ucrânia, e o seu marido Ashton Kutcher. O casal arrecadou 35 milhões de dólares para oferecer apoio a refugiados ucranianos em países vizinhos e ambos elogiam a atuação de Zelensky.

Kutcher e "Mila Kunis foram os primeiros a responder à nossa dor", escreveu o presidente ucraniano, que foi ator antes de entrar na política.

"Grato pelo seu apoio. Impressionado pela sua determinação. Eles inspiram o mundo", acrescentou.

Sean Penn, que estava em Kiev para filmar um documentário quando a invasão começou a 24 de fevereiro, assinou um acordo para que a sua fundação ofereça ensino e abrigo aos refugiados na Polónia.

"Ucrânia é o ponta de lança para abraçar o sonho democrático. Se permitirmos que lute sozinha, a nossa alma como Estados Unidos perde-se", afirmou em comunicado.

Num vídeo que viralizou, Arnold schwarzenegger apelou para que o presidente russo, Vladimir Putin, pare com a guerra "sem sentido' na Ucrânia.

Muitos cineastas menos conhecidos abordaram o conflito na Ucrânia desde 2014, quando Putin anexou a Crimeia e respaldou os separatistas da região de Donbass.

O documentário "A House Made of Splinters" e o drama "Klondike", que estrearam em janeiro no Festival de Sundance, examinam o impacto que o longo conflito no leste da Ucrânia causou em famílias e crianças.

Na temporada de prémios em Hollywood, as referências à situação na Ucrânia foram constantes, de manifestações de solidariedade até críticas a Vladimir Putin.

"Estamos com as centenas de milhares de refugiados que fogem da guerra, tanto ucranianos como de outras nacionalidades, aos quais negam um porto seguro", disse a atriz Kristen Stewart na cerimónia dos Independent Spirit Awards.

A anfitriã Megan Mullally, usou linguagem mais forte: "Acredito que falo por todos aqui quando digo que esperamos por uma solução rápida e pacífica, especialmente vai-te f**** e volta para casa, Putin", disse.

Amy Schumer, uma das três anfitriãs dos Óscares, provavelmente não usará o mesmo tom depois de ter declarado recentemente que sugeriu convidar Zelensky a "participar via satélite ou a gravar uma mensagem, porque muitas pessoas assistem aos Óscares".

Embora a Academia não tenha comentado, a ideia parece ter sido rejeitada, e Schumer admitiu que "definitivamente há pressão no sentido de dizer: 'Isto é para relaxar, deixem as pessoas esquecerem - nós só queremos ter esta noite'".

Para Feinberg, "parece que eles perceberam que seria fora de tom".

Zelensky "está a lidar com assuntos de vida e morte. E sim, ele era um ator, mas parece que isso poderia ter sido um tiro pela culatra", comentou.

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