A Urihi Associação Yanomami informou que vai oferecer aos vencedores da estatueta do maior prémio do cinema - de bronze maciço e coberto de ouro 24 quilates - uma escultura da divindade Omama que não usa ouro na sua composição.

"Na sua cultura, ouro é símbolo de sucesso. Para o meu povo, significa morte e destruição", diz Junior Hekurari Yanomami, líder da associação, num vídeo divulgado nesta sexta-feira pela agência de publicidade DM9.

A mineração ilegal causou uma crise humanitária nessa comunidade de 30.400 habitantes, localizada numa reserva de 96 mil Km² entre os estados de Roraima e Amazonas.

O vídeo é parte da campanha "O custo do ouro", que pretende colocar os holofotes de Hollywood sobre o problema a nível global.

"O ouro ilegal é garimpado com mercúrio. Litros e mais litros são despejados nos nossos rios, matando os nossos animais, matando a nossa floresta, matando o nosso povo", alerta na sua língua nativa Junior Hekurari.

"Vocês também têm a oportunidade de se posicionarem em frente a milhões de pessoas e pedir ao mundo o fim da extração ilegal do ouro", acrescenta, numa mensagem direta para os atores que disputam o cobiçado prémio.

Em 2021, 54% do ouro comercializado no Brasil tinha indícios de ilegalidade na sua origem, segundo a associação Yanomami.

A extração ilegal aumentou especialmente durante o governo de Jair Bolsonaro (2019-2022), defensor da abertura de terras indígenas para essa atividade. Além disso, nesse período, a deflorestação média anual aumentou 59,5% em relação aos quatro anos anteriores e avançou 75,5% em relação à década anterior.

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva declarou emergência sanitária na terra Yanomami no final de janeiro, após registar inúmeros casos de mortes de crianças por malnutrição.

Também autorizou uma operação conjunta das Forças Armadas e outras instituições para expulsar os invasores daquela terra.