Ainda não há informações definitivas sobre as causas da morte do ator brasileiro
José Wilker, aos 66 anos, na manhã de sábado, 5 de abril. As primeiras notícias dão conta de um enfarte do miocárdio fulminante em sua casa, na zona sul do Rio de Janeiro. Wilker ficou célebre em Portugal pelas muitas telenovelas em que participou, desde logo pela primeira exibida entre nós, em 1977, «Gabriela», em que interpretava Mundinho Falcão, e principalmente por «Roque Santeiro», já nos anos 80, em que tinha o papel principal. Na televisão o seu trabalho nunca parou, estando atualmente a ser transmitida pela SIC a última novela em que atuou, «Amor à Vida».
Menos conhecido por cá é o seu trabalho em cinema, onde se estreou logo em 1965, no filme «A Falecida», protagonizado por Fernanda Montenegro. Seguiram-se participações em mais de 60 fitas ao longo de cinco décadas, as mais importantes das quais às ordens de Cacá Diegues, como o foi o caso de «Xica da Silva» (1976), o grande sucesso internacional «Bye Bye Brasil» (1979), «Um Trem para as Estrelas» (1987) e
«Dias Melhores Virão» (1989), sem esquecer que foi o protagonista de um dos maiores êxitos de bilheteira de toda a história do cinema brasileiro,
«Dona Flor e seus Dois Maridos» (1976), de
Bruno Barreto, que foi durante 34 anos o recordista de público da cinematografia do país, até ser batido em 2010 por
«Tropa de Elite 2».
Rodar em Portugal
Entre nós, Wilker distinguiu-se também por dois papéis internacionais: a fita norte-americana
«Os Últimos Dias do Paraíso» (1992), de
John McTiernan, em que contracenou com
Sean Connery, e o filme português
«Filha da Mãe» (1990), segunda longa-metragem de
João Canijo, ao lado de
Rita Blanco e produzido por Paulo Branco (ao lado do ator na foto).
Canijo recordou hoje à Agência Lusa a «grande abertura e grande disponibilidade» do artista e as dificuldades de filmar quando «Roque Santeiro» estava no auge da popularidade. O realizador recordou que o contacto entre os dois foi estabelecido depois de o filme de estreia do português («Três Menos Eu») ter sido selecionado para a Mostra Internacional de Cinema de São Paulo, pelo que o realizador aproveitou para «dar um saltinho ao Rio para tentar falar com o José Wilker».
«A lembrança que mais me ficou, para além da relação com ele e da disponibilidade dele e da qualidade como ator que ele tinha, era o inferno que eram as filmagens cada vez que filmávamos em exteriores. Porque estava ainda a dar o «Roque Santeiro» e o som foi todo dobrado porque só se ouvia ‘Roque! Roque! Roque!’», lembra João Canijo a propósito das filmagens de «Filha da Mãe».
O realizador acrescenta que sempre que se sentavam «num sítio qualquer, passados menos de cinco minutos» havia uma fila a pedir autógrafos. «Filmar no bairro do Zambujal não foi nada fácil. Disso lembro-me», reconhece João Canijo, que salienta que os dois mantiveram o contacto durante algum tempo e que se voltaram a encontrar em Cannes, constatando que «a relação era a mesma».
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