À margem de um visionamento do documentário, candidato português à nomeação para o Óscar 2012 de melhor filme estrangeiro, na noite de terça-feira no Museu de Arte Moderna (MoMA) de Nova Iorque, o realizador adiantou que o «private screening» de
«José e Pilar» para os Globos de Ouro terá lugar a 5 de dezembro, em Los Angeles.

«Este ano, como há esta situação minha e do 'Pina', de Wim Wenders - dois documentários que estão a ser apresentados à Academia, para filme em língua estrangeira - de repente os próprios Globos de Ouro aceitaram essas candidaturas», disse à Lusa o jovem realizador português.

«Se vão ser efetivadas ou não, essa é outra questão», caucionou
Miguel Gonçalves Mendes, à margem do último evento de uma semana de homenagem ao escritor português em Nova Iorque, que também serviu para dar a conhecer ao público «José e Pilar», numa altura em que luta para entrar no lote de filmes que vão disputar entre si o maior galardão internacional do cinema.

O visionamento do filme, para mais de uma centena de pessoas, contou com a presença da presidente da Fundação José Saramago e viúva do escritor Nobel da literatura, Pilar del Rio.

Participaram também vários representantes diplomáticos portugueses, como o embaixador junto das Nações Unidas, Moraes Cabral, a cônsul-geral em Newark, Maria Amélia Paiva, como como os delegados ao Aicep e do Turismo de Portugal.

Presente esteve ainda o senador estadual luso-americano Jack Martins.

O realizador afirma-se confiante na nomeação para o Óscar 2012, o que seria não apenas uma vitória pessoal, mas também «muito bom para o ego do país».

O filme estreia-se em abril nas salas norte-americanas e até lá irá participar em festivais, dependendo muita da sua sorte do acolhimento pela crítica e pelo público norte-americanos.

Mais do que sobre o filme, afirma, a semana em Nova Iorque foi sobre José Saramago.

«Era um homem absolutamente extraordinário e é bom que essa memória perdure. O que ele lutou por nós, aquilo que ele nos obrigou a pensar, reequacionar a nossa maneira de estar no mundo, acho que é bom que continue a ser divulgada», disse Miguel Gonçalves Mendes à Lusa.

Ana Miranda, cujo Arte Institute co-organizou a semana de eventos juntamente com a Fundação José Saramago, pretende promover uma candidatura da banda sonora do filme, da autoria do músico português Noiserv, que também esteve presente, para os Óscares 2012.

«Penso que ainda poderá ser possível. Ainda estamos dentro dos prazos», disse à Lusa a jovem galerista, que tem vindo a promover várias iniciativas dedicadas à cultura portuguesa contemporânea em Nova Iorque.

«As pessoas, esta semana, já começaram a saber mais sobre o filme e o interesse é imenso. Aliás, as pessoas querem saber quando vão poder ver o filma nos EUA e a imprensa também reagiu muito bem», disse à Lusa à margem do evento.

«Acima de tudo tem de mostrar-se o que Portugal tem de bom e aquilo que os artistas têm feito», afirma a criadora do Arte Institute, que organizou um festival de curtas metragens portuguesas em Nova Iorque, e tem estado também ligada à promoção de artistas plásticos e de bandas como os Gift.

A semana dedicada ao escritor português, incluiu, na segunda-feira, um concerto de Noiserv num restaurante português e uma mostra fotográfica e leitura de textos de Saramago na Galeria Sonnabend, entre outras atividades.

@Lusa