"Maixabel", que concorre na categoria oficial do concurso cinematográfico da cidade basca, é uma produção espanhola dirigida por Iciar Bollaín e protagonizada por Blanca Portillo e Luis Tosar.
Este é o mais recente exemplo da inspiração que a cultura espanhola encontrou no conflito basco e na organização armada ETA, a exemplo de "Pátria", o romance de Fernando Aramburu, que foi convertido numa série televisiva (disponível na HBO Portugal).
"Maixabel" conta a história de Maixabel Lasa (Blanca Portillo), viúva do político socialista José María Jáuregui, e o arrependimento de dois dos três membros da ETA que participaram no assassinato do seu marido, de Luis Carrasco (Urko Olazabal) e Ibon Etxezarreta (Tosar), no ano 2000.
A mulher que dá nome ao filme esteve presente na sua exibição na noite de sábado.
A ideia inicial era fazer um documentário com esses encontros, mas os produtores acabaram por optar pela ficção.
"Material sensível"
O filme baseia-se na força das interpretações, durante os encontros entre a viúva e os membros da ETA, com uma cena final particularmente emocionante em que participaram amigos reais de José María Jáuregui.
"Houve um claro compromisso em colocar o melhor que tínhamos ao serviço desta história", disse a atriz principal Blanca Portillo, descrevendo o material narrativo como "muito sensível".
Aos 58 anos e com uma carreira de mais de 30 entre o teatro e o cinema, Portillo já ganhou o prémio de melhor atriz em Cannes em 2006 ("Volver - Voltar") e outro em San Sebastián em 2017 ("Siete mesas de billar francés").
"É o papel mais complexo que já tive", explicou Tosar, ator de 49 anos cuja carreira conta com dezenas de filmes e três prémios Goya, o maior prémio do cinema espanhol.
“Recebemos um material muito bom, maravilhosamente escrito”, disse Tosar, “e acredito que aproveitámos a generosidade das pessoas que viveram os eventos que inspiraram este filme”.
"Maixabel" reserva um momento especial para o dia 20 de outubro de 2011, já há quase 10 anos, quando a ETA anunciou a "cessação definitiva" das suas atividades.
Após quatro décadas de violência na tentativa de alcançar a independência do País Basco e de Navarra, a ETA matou 853 pessoas, feriu milhares e deixou uma longa lista de sequestros e extorsão de empresários.
O Festival de San Sebastian receberá mais de 170 filmes até ao próximo sábado, 25 de setembro, quando decorrerá a cerimónia de prémios.
No passado sábado, foram exibidos outros filmes da seção oficial: "Benediction", o filme do realizador britânico Terence Davies sobre o poeta Sigfried Sassoon; "Earwig", da francesa Lucile Hadzihalilovic e "Arthur Rambo", do também francês Laurent Cantet.
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