Morreu aos 90 anos a diva do cinema Monica Vitti e musa de Michelangelo Antonioni, avançou a imprensa italiana esta quarta-feira.
Sofrendo da doença de Alzheimer há mais de 25 anos, a notícia foi dada pelo argumentista, realizador e político Walter Veltroni em nome do cineasta Roberto Russo, o marido da atriz, que se manteve longe dos olhares do público desde março de 2002, quando também deu a última entrevista.
"Adeus Monica Vitti, adeus à rainha do cinema italiano. Hoje é um dia verdadeiramente triste, morre uma grande artista e uma grande italiana", escreveu posteriormente o ministro da Cultura italiano Dario Franceschini.
Com uma longa carreira tanto em comédias como dramas, mas imortalizada principalmente pelos vários clássicos do cinema de Antonioni, Monica Vitti (nome artístico de Maria Luisa Ceciarelli) nasceu a 3 de novembro de 1931 e estudou arte dramática na Accademia dell'Arte Drammatica em Roma em 1953.
Em 1956, conseguiu projeção no teatro com o talento cómico na peça "Sei storie da ricordare" e em 1959 com "Capricci di Marianna".
Após alguns papéis não-creditados, a estreia no cinema aconteceu oficialmente com "Le dritte", de Mario Amendola, em 1958.
Em 1957, a atriz juntou-se ao Teatro Nuovo di Milano, onde se deu o encontro com Antonioni, então a dedicar-se a uma curta e intensa experiência como diretor artístico, surgindo em 1960 a primeira colaboração artístico para o grande ecrã como a atormentada Claudia no grande e premiado sucesso internacional "A Aventura" (1960).
O olhar terno e melancólico, a voz rouca e sedutora e o cabelo indomável que caracterizaram Monica Vitti, a atriz continuou a encarnar de forma perfeita as personagens atormentadas da "incomunicabilidade" em "A Noite" (1961) e "O Eclipse" (1961), que concluiu a trilogia do cineasta, com quem trabalhou ainda em "O Deserto Vermelho" (1964) e manteve uma relação amorosa que terminou em 1970.
"Tive a oportunidade de começar a minha carreira com um homem de grande talento, mas também com força espiritual, cheio de vida e entusiasmo", recordaria numa entrevista em 1982.
O primeiro dos dois únicos filmes em inglês foi "A Mulher Detective", de Joseph Losey (1960), onde contracenou com Terence Stamp e Dirk Bogarde. O outro foi "Romance no Festival", de Michael Ritchie, onde encontrou Keith Carradine.
Depois de trabalhar com Antonioni, Monica Vitti tornou-se um dos grandes nomes da comédia italiana, no mesmo nível de colegas como Alberto Sordi, Ugo Tognazzi, Vittorio Gassman e Nino Manfredi.
Os últimos trabalhos foram, na maioria, filmes italianos sem distribuição internacional. Algumas exceções importantes são "Ciúme, ciúmes e ciumentos", de Ettore Scola e ao lado de Marcello Mastroianni (1970), "O Fantasma da Liberdade", de Luis Buñuel (1974), e "O Mistério de Oberwald" (1980), que fez com Antonioni depois de 15 anos de afastamento.
Em 1990, escreveu escreveu, dirigiu e protagonizou o filme "Scandalo Segreto", a sua despedida do cinema.
Monica Vitti foi distinguida com cinco prémios David di Donatello, o equivalente italiano aos Óscares, pelos filmes "A Rapariga da Pistola" (1968), "Golpe de Ancas" (1970), "Pó de Estrelas" (1973), "Pato com Laranja" (1975) e "Amores Meus" (1978).
"Flirt" (1983) também lhe valeu o Urso de Prata para Melhor Atriz no Festival de Berlim e era realizado por Roberto Russo, com quem casou em 2000, oficializando uma relação que começara 27 anos antes.
Além de Russo e Antonioni, a outra importante ligação sentimental foi com o diretor de fotografia e realizador Carlo Di Palma.
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