«
Fernando Lopes era, com
Paulo Rocha [realizador de
«Verdes Anos»], uma figura seminal», disse
Miguel Gomes, realizador do premiado filme
«Tabu». «O Fernando era alguém de quem eu era muito cúmplice – morava ao pé de mim – e, portanto, nos últimos anos, tive o privilégio de o encontrar muitas vezes e passar várias horas a falar com ele sobre cinema, sobre a vida, e sempre impressionado por aquilo que acho que era talvez a maior qualidade do Fernando Lopes, enquanto pessoa, mas também como cineasta, que era uma disponibilidade e uma generosidade na forma de olhar o mundo e as outras pessoas».

Rogério Samora, ator em quatro dos filmes de Lopes, afirmou que o cineasta «era um homem de cinema, da luz, da montagem. O cinema corria-lhe nas veias e é um homem cuja obra fica. Ele sabia o que queria fazer sem se importar com o que diziam».

Sobre as diferentes personagens que desempenhou com o realizador, o ator disse que era de Fernando Lopes que fazia sempre, «apenas mudava o nome da personagem. Quase me sentia a fazer de Fernando [Lopes], os gestos, as frases... Era quase recorrente». Muito emocionado, o intérprete disse que «tinha uma relação de irmão» com o cineasta: «Ele sabia bem o que me queria pedir e o que eu lhe podia dar», adiantando que é «uma grande perda para o cinema e para a cultura em Portugal».

A atriz
Inês de Medeiros sublinhou que «com a sua morte ficamos mais pobres. Até ao fim, Fernando Lopes trabalhou, criou e sempre procurou inovar ao nível das formas de se contarem histórias e de trabalhar com os atores, aproveitando os grandes escritores portugueses. A perda de Fernando Lopes é insubstituível».

O realizador
Alberto Seixas Santos recordou que Fernando Lopes «foi provavelmente um dos maiores montadores do cinema português e, como realizador, foi alguém que esteve sempre no cruzamento das várias decisões que se foram tomando sobre o que era melhor para o cinema português».

O cineasta
António-Pedro Vasconcelos afirmou que o realizador de
«Belarmino» foi «um homem que procurou sempre construir pontes, evitar ruturas no cinema português, e cuja autoridade para tal lhe era reconhecida, teve uma ação fundamental antes e depois do 25 de Abril de 1974».

Vasconcelos lembrou a experiência que teve com o realizador na revista «Cinéfilo» (1973-1974) que qualificou como «absolutamente excecional». «Ele era diretor e eu chefe de redação, mas foi uma experiência inesquecível; a revista teve um papel singular no panorama das artes, do espetáculo e da cultura em Portugal, o que se deve ao facto do Fernando Lopes ser esse homem capaz de construir pontes, de dialogar, de respeitar as opiniões diferentes da sua».

O secretário de Estado da Cultura
Francisco José Viegas afirmou que Lopes «estará sempre entre os melhores dos melhores da história do cinema em Portugal», acrescentando ser ele «uma referência incontornável, o realizador das ideias, da mensagem e significou, com a sua visão disruptiva do Cinema Novo, uma viragem no panorama nacional cinematográfico».

O corpo do cineasta será velado a partir de quinta-feira, às 18h00, na Biblioteca Municipal Central, no Palácio das Galveias, ao Campo Pequeno, em Lisboa, informou a Cinemateca Portuguesa, sem adiantar pormenores das cerimónias fúnebres.

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