O realizador português Pedro Costa recebeu o Prémio Golden Gate Persistence of Vision 2020, atribuído pela San Francisco Film Society e o Festival Internacional de Cinema de São Francisco, o mais antigo das Américas, informou a distribuidora Midas Filmes.

O prémio celebra cineastas cuja obra vai para além das tradicionais fronteiras do cinema narrativo. Antes de Pedro Costa foram distinguidos artistas como Robert Frank, Matthew Barney, Johan van der Keuken, Kenneth Anger e Errol Morris.

Citada no comunicado na Midas, a organização explica que "desde o final dos anos 80, o realizador Português Pedro Costa tem desenvolvido um método de trabalho coletivo muito especial. Os seus parceiros criativos são os seus próprios actores; a sua singular identidade cinematográfica combina a observação e a reinvenção ficcional, numa forma que vai muito para além do documentário e que toca a vanguarda. Nas suas nove longas-metragens, Pedro Costa tem tratado as lutas quotidianas e espirituais das pessoas marginalizadas, demonstrando um incomparável domínio da luz e da sombra.”

Entre os filmes de Pedro Costa estão "O Sangue", "Casa de Lava", "Ossos", "No Quarto de Vanda" (2000), "Juventude em Marcha" (2006) e "Cavalo Dinheiro" (2014).

O mais recente, agora disponível nos videoclubes e na plataforma Filmin, foi "Vitalina Varela", que teve estreia mundial em agosto do ano passado no Festival de Cinema de Locarno, na Suíça, onde arrecadou os principais prémios do certame: Leopardo de Ouro e Leopardo de melhor interpretação feminina.

A seguir foi exibido e premiado em diversos festivais internacionais de cinema.

O filme conta a história de uma mulher que viveu grande parte da vida à espera de ir ter com o marido, Joaquim, emigrado em Portugal. Sabendo que ele morreu, Vitalina Varela chegou a Portugal três dias depois do funeral.

Pedro Costa conheceu Vitalina Varela quando rodava o filme anterior, "Cavalo Dinheiro", acabando por incluir parte da história dela na narrativa e dando-lhe agora protagonismo na nova obra cinematográfica.

Quando recebeu o prémio em Locarno, Pedro Costa afirmou que a distinção era "muito importante para as pessoas que fizeram o filme".

"Falo de pessoas que vivem hoje no esquecimento, dormem nas ruas, são torturados. O cinema pode protegê-los, de certa forma vingar uma parte desta situação, porque pode ser exibido em qualquer lado", sintetizou sobre a sua obra.