As gravações do thriller psicológico estão a decorrer no hotel Vale do Rio, em Oliveira de Azeméis, cujo décor junto às margens do Caima é descrito pelo realizador como «fantástico», na medida em que, «a custos interessantes e com uma boa logística», permite recriar o ambiente de «um hotel americano» – que está fechado, mas acolhe dois casais e três mortes.
Adiantando à Lusa que o filme não é subsidiado e envolve apenas investimento privado,
Nuno Madeira Rodrigues garante: «Não há nenhuma obra como esta no cinema português. Ela não será parecida com nada que se tenha feito antes».
Para essa inovação contribuirá o recurso ao elenco anglófono, cujo domínio do inglês nativo o realizador considera «essencial para a divulgação do filme no estrangeiro» e cujo método de trabalho se revela «muito mais profissional e menos complicado do que o da maioria dos actores nacionais».
Matt Israel,
Ellyet Eleni,
Kent Moran,
Grant Sheperd e
Karen Nicol são os protagonistas de
«Regret», onde há também interpretações dos portugueses
Pêpê Rapazote e
Leonor Seixas, com base no argumento que o realizador escreveu com Bruno Martins Soares.
O enredo é um remake da longa-metragem «Until the light shines», também de Nuno Madeira Rodrigues, mas o realizador assegura que «a única coisa que as duas histórias têm em comum é a morte de uma personagem no início do filme».
O cuidado aplicado no argumento é, aliás, outro dos méritos da obra. «Ao contrário da esmagadora maioria dos escritores e argumentistas portugueses, nós demorámos mais de um ano a escrever o guião», explica Bruno Martins Soares.
«Nada foi feito ao acaso e verificámos todos os detalhes para evitar um problema claro que existe em Portugal, que é o dos textos fracos, maus diálogos e péssimos setups».
Para Nuno Madeira Rodrigues, «um filme é uma realidade holística e, como tal, não há coisa que possa ficar de fora». «O rolar dos créditos, o som… Tudo isso já é filme, tudo é envolvência do espectador, tudo é importante até ao fim», declara.
Nesse contexto, o realizador acredita que a equipa de «Regret» integra «alguns dos melhores técnicos que trabalham em Portugal», para surpresa dos actores americanos que, «logo no primeiro dia de rodagens, ficaram fascinados» com o desempenho desses profissionais, como é o caso do director de fotografia Sérgio Braz D’Almeida.
A banda sonora, por sua vez, está a ser composta especificamente para o efeito pelo pianista Eduardo Jordão e terá acompanhamento sinfónico, o que proporcionará ao filme aquilo que os seus argumentistas descrevem como «a intensidade certa para um thriller».
O objectivo é afirmar «Regret» no estrangeiro, que Nuno Madeira Rodrigues aponta como «o único destino possível» para «um filme a sério». E pretende que a obra seja estreada no
Sundance Film Festival.
«Contrariamente ao que acontece com 90 por cento das obras nacionais, eu não tenho pretensões de artista nem ando a fazer filmes para os amigos», afirma o realizador.
E acrescenta: «Trabalho para entreter o público e, se quero público, não é em Portugal que ele existe – porque aqui não há circuito comercial, não há espectadores suficientes e muito menos há receitas».
@Lusa
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