O ator e cineasta de 80 anos foi questionado na quinta-feira sobre se o cinema iria ser afetado pela chegada do magnata do imobiliário à Casa Branca, mas Robert Redford respondeu que a política não tem lugar no festival norte-americano de cinema independente que fundou.

“Os presidentes vão e vêm. O pêndulo balança de um lado para o outro. Este sempre foi o caso e provavelmente sempre será”, disse o ator, duas vezes vencedor de Óscar, durante uma conferência de imprensa para lançar a edição de 2017 do evento anual nas montanhas do Utah, no Oeste dos Estado Unidos.

“Nós não nos ocupamos de política. Precisamos de nos abster e de nos focar nas histórias contadas pelos artistas”, acrescentou.

Sem fazer referências diretas a Donald Trump, o intérprete de “Butch Cassidy and the Sundance Kid” (que deu origem ao nome do festival) afirmou que se esperam cortes no financiamento da cultura e que muitos receiam que “as coisas venham a ficar negras”.

“As pessoas que não estavam interessadas (…), agora vão perceber que são diretamente afetadas e vão-se levantar contra estes cortes", anteviu Robert Redford. O republicano prometeu cortes nas despesas governamentais.

“Eu espero e eu penso que se vai criar um movimento” contra estes cortes de financiamento e que “as pessoas se vão revoltar contra esta medida”.

Apesar de Robert Redford assegurar que o Sundance é um festival apolítico, a programação deste ano, que comporta cerca de 120 títulos, incluindo estreias mundiais, entre os quais a curta-metragem portuguesa “Pedro”, de André Santos e Marco Leão, parece ser a mais política dos seus 32 anos de existência.

Entre os filmes que serão projetados durante os próximos 10 dias, “Trumped: Inside the Greatest Political Upset of All Time” oferece um vislumbre dos bastidores da vitória do novo ocupante da Casa Branca sobre a democrata Hillary Clinton.

Este sábado, a apresentadora de televisão Chelsea Handler vai liderar uma marcha de mulheres na estação de ski de Park City, onde decorrem as festividades, fazendo assim eco das manifestações anti-Trump esperadas em Washington e um pouco por todo o país.

É “uma ocasião de celebrar e reafirmar alguns dos valores fundadores do Sundance, como, evidentemente a capacidade que a arte e os artistas têm de fazer avançar tanto na sociedade, mas também a liberdade de expressão”, comentou.

Outro tema de destaque é o facto de, ao lado de uma seleção que mistura drama, suspense e comédias, o Sundance estar a lançar uma secção dedicada ao aquecimento global com 14 filmes e projetos em realidade virtual.

O mais esperado deles, "An Inconvenient Sequel", que surge 10 anos após o documentário fenómeno com Al Gore, "Uma Verdade Inconveniente", deverá colocar em imagens as consequências do aquecimento global.

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