De casamentos, batizados e festas de família até tentativas sérias e rigorosas de fazer cinema de ficção, o formato
Super 8 foi, entre os anos 60 e 80, o formato preferencial dos cineastas amadores para a criação de filmes, inclusivamente em Portugal. A câmara era portátil, barata e relativamente fácil de operar e a própria película trazia uma vantagem em relação ao formato de oito milímetros: é que apesar da dimensão ser rigorosamente a mesma, as perfurações laterais eram menores o que fazia com que a dimensão da imagem captada fosse maior.
Criado pela Kodak em 1965, o formato de Super 8 democratizou o acesso à criação de filmes mas foi vitimado pela popularização das câmaras de vídeo, já nos anos 80, que prescindiam da necessidade de enviar o produto final para laboratórios de revelação. A qualidade de imagem não era a mesma, mas o objetivo já não era a projeção em tela ou na parede e sim a reprodução no ecrã de televisão.
Laurent Simões é um dos maiores entusiastas do Super 8 em Portugal. Continua a realizar filmes naquele formato (
«O Homem», por exemplo, ganhou o prémio para Melhor Fotografia de Filme Português no IndieLisboa em 2005), dá formação a alunos interessados (que vai divulgando através do seu blogue
super8video) e é um contacto fundamental para quem queira adquirir câmaras e demais material necessário ao Super 8 ou transcrever conteúdos analógicos para formato digital.
O formato regressa agora às luzes da ribalta graças ao filme
«Super 8», realizado por
J.J.Abrams e produzido por
Steven Spielberg, sobre um grupo de pré-adolescentes que, em 1979, tenta fazer um filme de zombies naquele formato e é testemunha do brutal descarrilamento de um comboio, que liberta na cidade alguma coisa muito misteriosa. «Super 8» é, até à data, o filme mais elogiado do Verão, que recupera o «sense of wonder» das aventuras de jovens cheias de elementos fantásticos que se faziam nos anos 80, de que os os exemplos mais emblemáticos serão
«E.T.O Extraterrestre»,
«Os Goonies» e
«Os Exploradores».
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