Terry Gilliam estará em Portugal para acompanhar a estreia nos cinemas do seu filme "O Homem que Matou Don Quixote" (e não "Dom", como o livro), confirmou a distribuidora NOS Audiovisuais esta quinta-feira em comunicado.

Com 81 anos, o realizador norte-americano há muito radicado na Grã-Bretanha rodou o filme em Portugal e em Espanha, que conta com interpretações de Jonathan Pryce, Adam Driver, Olga Kurilenko e da atriz portuguesa Joana Ribeiro, entre outros.

Coprodução entre a portuguesa UKbar Filmes com Espanha, França, Bélgica e Inglaterra, este era um projeto antigo do autor de “Os Ladrões do Tempo”, “Brazil” e “12 Macacos”, e membro do lendário grupo de humoristas Monty Python: remontando a 1989, a produção sofreu sucessivos solavancos e interrupções, com problemas com elenco e com financiamento, tendo sido descrito pela imprensa especializada como um filme amaldiçoado.

A estreia portuguesa de "O Homem que Matou Don Quixote" acontece quase três anos após a antestreia mundial na sessão de encerramento festival de Cannes, em maio de 2018.

Por essa altura, já existia uma disputa legal pelos direitos entre Terry Gilliam e os produtores que avançaram com a longa-metragem com Paulo Branco, que tentou impedir a sessão em Cannes e a estreia nos cinemas franceses.

Em 2016, o produtor português assinara contrato para produzir o filme, mas o processo saiu gorado. Terry Gilliam avançou com a anulação do contrato com a produtora Alfama Films, de Paulo Branco, e seguiu a produção e rodagem com outros produtores.

Quando tudo estava bem: Gilliam com Paulo Branco num jantar com João Soares (à esquerda), em março de 2016

Enquanto decorriam processos judiciais em diversos países, o filme percorreu outros festivais e esteve em exibição em sala em França e em Espanha.

Em abril de 2019, estreou-se em 700 salas de cinema dos Estados Unidos com apenas um dia de exibição e o realizador considerou que a disputa "assustou muitos distribuidores", incluindo a Amazon Studios, que recuou na distribuição.

Entretanto, depois de ter considerado que o contrato era válido em 2017 , o Tribunal de Grande Instância de Paris declarou em 2019 que Paulo Branco não detinha direitos no filme.

Em Portugal, o Tribunal de Propriedade Intelectual também negara ao produtor em 2018 os direitos.

Já em dezembro de 2020, foi indeferido um pedido de indemnização de cerca de um milhão de euros por um tribunal britânico, que entendeu que a Alfama Films e Paulo Branco "nunca tiveram uma probabilidade substancial, nada para além de uma probabilidade especulativa, de fazer o filme”.