Nemo teve uma receção de herói ao regressar à Suíça no domingo após vencer o Festival Eurovisão da Canção em Malmo, na Suécia, com um turbilhão de vivas, abraços e sinos de vaca.

Nemo, artista não-binário de 24 anos, voou para o aeroporto de Zurique, com centenas de apoiantes que agitaram bandeiras e faixas, gritando o seu nome.

Com o seu casaco rosa e vermelho e vestido rosa acetinado, Nemo obteve um total de 591 pontos (365 do júri e 226 do público) e venceu o croata Baby Lasagna, que ficou em segundo lugar com 547 pontos.

"'The Code' conta a jornada que começou quando percebi que não sou nem homem nem mulher", contara anteriormente sobre o tema muito pessoal da compreensão da sua identidade que deu à Suíça a terceira vitória no concurso.

Os apoiantes reunidos no maior aeroporto da Suíça tiveram que esperar, já que o voo de Copenhaga aterrou com 45 minutos de atraso.

As pessoas estavam alinhadas atrás das barreiras do lado de fora das portas de saída, passando o tempo a interpretar "The Code antes da chegada.

Aplausos explodiram quando Nemo apareceu, vestindo uma camisola fofa a mostrar um coelho a segurar uma cenoura.

Nemo deu um duplo sinal positivo com os polegares antes de posar para 'selfies' com fãs e dar autógrafos.

Em novembro do ano passado, anunciou no Instagram: “Não me identifico como homem ou mulher. Sou apenas Nemo”.

Alguns fãs agitaram faixas com os dizeres “Destrua o binário: nós existimos” e “Nós existimos, nós insistimos, nós persistimos”.

Outra faixa dizia “Mulher, homem, humano”, com quadrados à esquerda e o quadrado ao lado de “humano” marcado com uma cruz.

Nemo comemorou com todos num grande abraço coletivo enquanto gritavam “quebrámos o código” e “nós existimos”.

Receção oficial

Posteriormente, na conferência de imprensa, Nemo anunciou os planos de passar algum tempo a descansar no jardim.

“Vou deitar-me e tentar acalmar um pouco. Nada parece real”, disse.

Referindo-se à letra da música – e a ter partido o troféu de vencedor – Nemo disse: “Parti o código; parti o troféu”.

Nemo disse que as boas-vindas no aeroporto foram "extremamente bonitas... Mostrou-me como é bom fazer parte de uma comunidade".

Nemo é uma personalidade bem conhecida na Suíça, vencendo um prémio nos Swiss Music Awards de 2018.

Agora é uma estrela internacional.

A União Europeia de Radiodifusão (UER), organizadora da Eurovisão, disse que uma audiência estimada de mais de 160 milhões de pessoas assistiu à final deste ano, transmitida ao vivo nos 37 países participantes e online no YouTube.

Agora a morar em Berlim, Nemo nasceu em Biel/Bienne, no noroeste da Suíça, a maior cidade bilíngue do país e o coração da indústria relojoeira do país alpino.

A cidade está a planear realizar uma receção pública oficial para homenagear o artista não-binário herói da sua cidade natal, embora ainda não tenha data definida.

"Será certamente uma grande celebração na cidade, com o público, com os apoiantes", disse no aeroporto o presidente da câmara de Biel, Erich Fehr, à agência de notícias suíça Keystone-ATS.

"É uma loucura, uma história incrível que o Nemo de Biel tenha conquistado este título. A competição musical mais importante do mundo. Estamos muito orgulhosos e felizes", disse.

Ser o anfitrião da Eurovisão em 2025

Como é tradição, a Suíça acolherá a Eurovisão no próximo ano. Várias cidades já se chegaram à frente com a sua candidatura.

Quanto à cidade natal de Nemo, Fehr disse: "Temos infraestruturas muito boas em Biel, mas o Festival Eurovisão da Canção é tão grande que certamente não o podemos fazer sozinhos. Teríamos de procurar parceiros, de preferência Berna, devido à sua proximidade".

O líder da Swiss Broadcasting Corporation, Gilles Marchand, elogiou o "tremendo sucesso" de Nemo.

“Embora a transmissão do Festival Eurovisão da Canção seja um grande desafio para todas as estações de televisão em termos de recursos e finanças, estamos muito satisfeitos por o nosso país acolher este evento tão querido em 2025”, disse.

"Esta será uma grande oportunidade para as artes e o turismo, para mostrar ao mundo o que a Suíça pode fazer, e cabe-nos agora aceitar este desafio juntos", concluiu.