Bob Marley morreu há precisamente 30 anos.

Aquele que é considerado, quase por unanimidade, o expoente mais alto do reggae tinha apenas 36 anos de idade quando faleceu, vítima de cancro (provocado por uma lesão no pé), a 11 de Maio de 1981.

Contudo, três décadas após a sua morte, o também conhecido por «rei do reggae» continua a ser recordado um pouco por todo o mundo, sendo uma constante fonte de inspiração para dezenas de novos artistas. Pequenos ou graúdos, não há quem não saiba cantar temas como No Woman No Cry, Could You Be Loved ou I Shot The Sheriff– alguns dos mais emblemáticos do músico, politicamente comprometidos e de forte cariz social, que hoje fazem parte de um repertório colectivo da música internacional.

O Legado de Bob Marley

Um dos mais conhecidos rostos do movimento espiritual Rastafari, defensor de uma mensagem de paz, liberdade e emancipação, denunciador da pobreza, da repressão e da realidade social da Jamaica, deixou-nos, em vida, 14álbuns –12 de estúdio edois ao vivo -, bem como um legado no reggae que permanece sólido até hoje, com mais de 200 milhões de discos vendidos.

“Legend”, lançado originalmente em 1984, continua a ser o álbum mais vendido da história do reggae. Já “Exodus” (1977)foi eleito pela revista “Time” como um dos melhores álbuns do século XX.

Mas nem só de álbuns é feito o legado de Marley. Com 11 filhos legítimos e mais uns três a usar o seu apelido (embora não reconhecidos pela família), seria de esperar que algum iria fazer carreira na música. Não foi um, foram vários.

David ‘Ziggy’ Marley, actualmente com 42 anos, canta como o pai e passa mensagens de paz através das letras das suas músicas. Tem um extenso repertório que vem desde 1985 e já ganhou cinco Grammy Awards. É activista e líder de uma ONG.

Damian ‘Jr. Gong’ Marley, de 33 anos, é o filho mais novo de Bob. Já ganhou três Grammys e passou por Portugal no mês passado, para um concerto no Pavilhão Atlântico, em Lisboa, ao lado de Nas.

Stephen, 38 anos, faz parte da banda do irmão mais velho, Ziggy, e foi produtor dos três álbuns a solo de Damian. Da banda – os Melody Makers – fazem também parte Cedella e Sharon, duas das filhas de Bob.

Julian Marley, 36 anos, também é músico. Tem três álbuns editados. Ky-Mani andou uns tempos dividido entre o futebol e a música, acabando por se render à arte. O seu som, para além de reggae, tem base no hip-hop e sons mais urbanos.

Trinta anos depois...

Durante este mês, Bob Marley será homenageado um pouco por todo o mundo, com concertos, lançamentos de álbuns e iniciativas diversas.

Em Portugal, será recordado com dois concertos de tributo, a cargo dos norte-americanos Groundation, a decorrerem no Coliseu dos Recreios, em Lisboa, e no Teatro Sá da Bandeira, no Porto, nos dias 13 e 14, respectivamente. (Ganhem bilhetes para o concerto do Porto aqui)

Ao longoda semana será também lembrado pelo seu filho Ziggy, por Chris Cornell, Jennifer Hudson, Jakob Dylan e Lenny Kravitz, que vão participar na homenagem ao músico levada a cabo no programa de televisão de Jimmy Fallon, na NBC. No programa, eles farão as suas próprias versões das músicas de Bob.

Também o músico da Costa do Marfim Alpha Blondyfez questão deassinalar os 30 anos da morte de Marley, com a edição de um novo álbum, intitulado “Vision”, em apresentação na Casa da Música, no Porto, a 19 de Julho. Nas suas palavras, em entrevista à France Press, Bob Marley é “uma referência para todos os músicos do reggae”, tinha uma “voz maravilhosa, boas melodias e temas que ainda hoje são actuais, trinta anos depois da sua morte”. “Não há ninguém que tenha intenção de suplantar Bob Marley”, garantiu.

Uma vida

Nascido no dia 6 de Fevereiro de 1945 no seio de uma família humilde, em Rhoden Hall, perto de Nune Mile, na Jamaica, Bob Marley iniciou o seu percurso no mundo da música em 1962, com a gravação dos singles One Cup of Cofee e Judge Not, sob o pseudónimo Bobby Martell.

Um ano mais tarde, criou os The Teenagers – que mudariam, posteriormente,o seu nome para The Wailers -, juntamente com vários amigos, entre os quais Bunny Wailer e Peter Tosh.

No entanto, a ascensão de Bob Marley só começaria em 1972 (até então, tinha gravado quatro álbuns), com a edição do álbum “Catch a Fire”. As vendas do álbum, não sendo suficientes para transformar Marley numa estrela instantânea,chamaram a atençãodos críticos.

“Burnin” (1973)viria a suceder a “Catch a Fire” e seria responsável pelos grandes êxitos, ainda hoje ouvidos, Get Up, Stand Up e I Shot the Sheriff.

Em 1974,pouco tempodepois de Bob Marley & The Wailers perderem Tosh e Bunny, chegaria ao mercado discográfico “Natty Dread”, responsável pelo sucesso No Woman No Cry, que rapidamente alcançou a aclamação internacional. Seguiu-se, em 1976, “Rastaman Vibration”, que passou quatro semanas consecutivas no Top 100 da Billboard.

Radicado nos EUA após ter sido baleado em Kingston, Marley lançou, “Exodus” (1977), “Kaya” (1978) e “Survival” (1979). O seu último disco em vida seria “Uprising”, lançado em 1980.

Após a sua morte, não faltaram colectâneas e, inclusive, um disco póstumo, “Confrontation”, de 1983.

Sara Novais