Descrever "How can we be joyful in a world full of knowledge?", em palavras, em sentimentos, é tão complexo como a sua própria composição sonora. Pernadas, acompanhado por oito caras conhecidas da música nacional - intérpretes de grupos musicais como Julie & The Carjackers, Tape Junk, You Can’t Win Charlie Brown e Minta & The Brook Trout, e um engenheiro de som, fez as delícias de um público sedento pela transformação de um dos melhores discos de 2014, ao vivo.

Cores quentes, meia-luz e bolas de espelhos, preenchiam os espaços de um palco repleto. “Ahhhh!” abre o alinhamento, a três vozes, com a guitarra, o baixo versátil, a bateria certeira e encorpada, as teclas e o sublime trio de sopros. A duração certa para uma canção era subjetiva, porque os músicos se deixavam perder.
Aquele que é o primeiro single, embate no público como uma explosão de ritmo. Os pés não param de bater no chão. Os corpos balançam e a cabeça marca o compasso, pelo concerto fora.

Bruno Pernadas, toca guitarra ora de costas, ora na lateral, quase sempre de frente para os colegas e com a música contra o seu corpo. Faz música de outras décadas, tão necessária na nossa.

Uma jornada, clássica e experimental, em forma de quebra-cabeças, que arrepiava até o ser mais insensível. Bruno Pernadas construiu uma peça teatral, explícita na sua imagética instrumental, onde o jazz, space-age-pop, o folk, a electrónica, rock psicadélico e nuances de world music, se misturam na perfeição.

O artista dirigiu-se à plateia, por breves momentos, quase tímido, sorridente e nervoso, para deixar ouvir a sua voz e agradecer um Pequeno Auditório esgotado.
Regressou aos instrumentos e reinventou "Première", "L.A.", o exótico e carioca "Indian Interlude" e "Pink Ponies Don't Fly On Jupiter". "How would it be 1" poderia ser um filho bastardo de um romance criativo entre The Doors e Massive Attack. A outra face, "How would it be 2", apresenta-se em texturas cinematográficas, que se desenvolvem com encanto.

Num encore imediato, a fase final de "How can we be joyful in a world full of knowledge?", é música que nos dá música a respirar. E quando uma noite é tão cheia e poética, com surpresas melódicas na primeira pessoa, é impossível sair deste universo paralelo, de uma vez só.

É favor ouvir a obra-prima de Bruno Pernadas, pelo bem das próximas gerações.
…Alright, now smile and remember, not too many Martinis!