Já mais de 1500 pessoas tinham comprado bilhete para o seu concerto no auditório de Kuala Lampur, previsto para ontem, mas nem isso impediu o seu cancelamento, por parte do ministro da informação daquele país, Rais Yatim.

Na origem da decisão esteve uma fotografia promocional da cantora, publicada segunda-feira num jornal da Malásia como forma de promoção ao concerto, que deixava ver uma tatuagem, nos seus ombros, onde aparecia a palavra Deus escrita em árabe – o que os malaios, entre os quais políticos e grupos religiosos, consideraram um insulto.

“É triste, porque viajámos durante muitas horas”, revelou Badu, sobre o cancelamento do espetáculo, numa conferência de imprensa. “Mas compreendo perfeitamente a posição do ministro, que quer proteger as suas leis e o seu povo. Ele não quer que algo mau aconteça. Eu percebo isso”.

Já as reações do público ao cancelamento do espetáculo dividiram-se: muitos malaios, incluindo muçulmanos, acusaram o governo de intolerância, mas outros louvaram as autoridades por se manterem firmes na defesa dos princípios religiosos. Segundo Yatim, a controvérsia à volta da foto, “poderia prejudicar a segurança nacional e causar um impacto negativo na imagem do governo”.

O jornal diário, por sua vez, já veio desculpar-se, alegando que a publicação da fotografia foi fruto de um descuido.

Sobre a fotografia, Badu revelou ter sido inspirada em imagens do filme “The Holy Mountain” de 1973” – um trabalho surrealista do fraco-chileno Alejandro Jodorowsky. “Acho que a arte é frequentemente mal interpretada no domínio da religião, mas tudo bem. Na América é bastante diferente. A arte também é mal interpretada, mas não é considerado chocante promover Deus. Começo a aprender e a compreender o Islão, à medida em que vou viajando mais”, explicou ainda, adiantando que, não obstante o episódio, iria ficar contente se um dia a voltassem e convidar a atuar na Malásia.

Note-se que Erykah Badu não foi a única artista a ser impedida de atuar na Malásia. Recorde-se que, em 2009, Beyoncé já tinha tido problemas com as leis rigorosas do país.

Sara Novais