“Este disco é, na realidade, quase como uma fotografia da minha própria vida. Revejo-me muito em tudo o que ali está e gravei, sinto-me recompensada, depois de todo o trabalho feito”, afirmou a fadista, que acrescentou: "Cada fado que canto é uma perspetiva minha sobre a vida, o amor, o desamor, a saudade, as histórias de vida, etc.".
O álbum é constituído maioritariamente por letras inéditas e melodias tradicionais, como o “Fado Tamanquinhas”, "Fado Cravo" ou o “Fado Menor”, e “gravado num registo tradicional”, sendo a fadista apenas acompanhada à guitarra, viola e viola baixo.
“O ambiente do fado tradicional é aquele em que me sinto mais eu, sinto-me melhor e mais à vontade”, afirmou à Lusa.
Sandra Correia, que começou a cantar aos 16 anos, resgatou do repertório fadista “Domingo em Lisboa”, uma criação Maria Valejo, e “Estrada da vida”, de Maria José da Guia.
O poema “Horas de Breu”, de Vasco Graça Moura, tinha sido já gravado por Mísia, no álbum “Canto”, com música de Carlos Paredes, facto que Sandra Correia disse à Lusa que “desconhecia completamente, tanto mais que o poema foi gravado com uma nova música de Manuel Reis”.
Manuel Reis assina sete dos 16 temas que compõem o disco, sendo os restantes fados tradicionais, à exceção de “Domingo em Lisboa”, de Manuel Paião e Eduardo Damas, e “Estrada da vida”, de João Nobre.
“O Manuel [Reis] foi-me apresentando um e outro poema para os quais tinha composto quando se sentia inspirado, e eu fui escolhendo”, contou a fadista.
Manuel Reis compôs para poemas de José Guimarães, “Cantigas do mar”, “Se você não existisse”, “O fado nasceu na rua” e “Coração vadio”, de António Lobo Antunes, “Eu quero morrer no mar” e para o de Vasco Graça Moura.
Quanto aos autores, além de José Guimarães, Sandra Correia interpreta poemas de Florbela Espanca, "Quadras de amor”, de Ana Lúcia, “Rumo a outro dia”, de Carlos Bessa, “Rosa Maria do Capelão”, e ainda quatro de Fernando Campos de Castro.
“Fernando Correia de Castro toca-me de imediato, é de facto uma escrita profunda, ele vai-me oferecendo os poemas, e eu apreendo-os num ápice, pois identifico-me. Os do José Guimarães, gosto muito, mas curiosamente, foi o Manuel Reis quem os me foi mostrando e, como me revejo neles, decidi cantar”, disse a fadista.
Para Sandra Correia “é essencial” o facto identificativo nos poemas, foi aliás assim que juntou "ad hoc" diferentes quadras de Florbela Espanca e constituiu o tema que abre o álbum, “Quadras de amor”, que gravou no Fado Amora, de Joaquim Campos. “Sem sentir o que canto, não faz sentido cantar”, rematou.
Neste álbum a fadista é acompanhada à guitarra portuguesa por Pedro Viana, à viola por André Ramos e Miguel Ramos, e à viola baixo por Frederico Gato. “Perspectiva” sucede ao álbum “Sandra Correia ao vivo”.
@Lusa
Comentários