Pedro de Castro há muito tempo tinha vontade de gravar um disco, mas foi adiando por várias razões. Além de acompanhador habitual de vários fadistas, é também produtor musical, e gere a sua própria casa de fados, "Mesa de Frades", no bairro lisboeta de Alfama.

"Felizmente há muito trabalho e fui adiando a gravação do álbum, há uns anos quis gravar, mas o meu mestre, José Luís Nobre Costa (1941-2014), ainda não tinha gravado e fiz questão de gravar com ele primeiro", afirmou o músico à agência Lusa.

Sobre o título do álbum, um duplo CD com 21 temas, Pedro de Castro explicou: "'Festim' porque é uma festa à guitarra portuguesa, que tem um espólio gigante [de composições] de grandes mestres da guitarra portuguesa e eu decidi fazer uma homenagem a esses guitarristas/compositores".

Deste trabalho fazem parte, entre outros, "Fado Picoas", de José Luís Nobre Costa, "Noturno", de Casimiro Ramos, "Nostalgia", de Jaime Santos (1909-1982), o compositor com o maior número de temas no álbum, ou "Vira de Frielas", de José Nunes.

Outros temas surgem como "homenagem", a Raul Nery, interpretando deste guitarrista o indicativo de um programa de fados da antiga Emissora Nacional e "Confidências à guitarra", a José Luís Nobre Costa, para além dos temas "Olhando o Mar" e "Homem do Ribatejo", ou ainda, a Carlos Paredes (1925-2004), com a interpretação numa faixa de "Mudar de Vida", "Melodia Número 2", "Movimento Perpétuo" e "Variações em Lá Menor”.

Com Pedro de Castro gravaram os violas André Ramos, Jaime Santos Jr., Carlos Manuel Proença, João Mário Veiga e Diogo Clemente, e ainda Artur Caldeira, na guitarra clássica, e Francisco Gaspar, na viola-baixo.

"Rodeei-me de pessoas que fazem parte do meu percurso, nomeadamente os violas, artistas muito especiais, a quem entreguei, basicamente, os arranjos de cada um dos temas", disse.

"Este não é um disco meu, é um festim, com este repertório", ao juntar vários músicos, incluindo os guitarristas Bernardo Couto e Luís Guerreiro, que afirmou admirar e "gostar muito" de ouvir.

Pedro de Castro salientou à Lusa que "a guitarra portuguesa antes de tudo é um instrumento" que "tem essa amarra cultural [ao fado] que é absolutamente extraordinária, mas não deixa de ser um instrumento, inclusivamente, pode tocar qualquer género de música".

"Agora, também há uma linguagem da guitarra portuguesa para o instrumento guitarra portuguesa que está muito subvalorizada e que não é tão conhecida e que aí pode libertar o seu lado mais virtuoso, porque nos fados tem o papel de acompanhar a voz, por isso é que se chama acompanhador", acrescentou, realçando que, "quando [a guitarra] é solista tem mais espaço e liberdade".

Neste projeto discográfico Pedro de Castro empenhou-se em homenagear aqueles que considera seus mestres interpretando ainda temas de Armando Freire, "Armandinho", Francisco Carvalhinho, Pedro Caldeira Cabral, entre outros.

De sua autoria gravou apenas "Festival" e incluiu o seu tema "Folclore Castrense" na faixa "Viagem ao Ribatejo" com a "Marcha Ribatejana", de António Gavino.

No dia 9 de dezembro, pelas 21h00, Pedro de Castro sobe ao palco do grande auditório do CCB, com amigos e companheiros de percurso - Jaime Santos Jr., André Ramos, e Bernardo Saldanha, à viola, Artur Caldeira, na guitarra clássica, e ainda, na guitarra portuguesa, Luís Guerreiro e Bernardo Couto.

Castro disse à Lusa que será "um momento único e irrepetível", em que vai "apenas" tocar seis temas do novo álbum.

Pedro de Castro nasceu em São Paulo, no Brasil, em agosto de 1977, nas viveu a infância em Cascais, onde reside. O pai era músico profissional, e fez parte da Banda da Marinha e de alguns grupos musicais na década de 1960.

O seu percurso musical começou aos 5 anos, com aulas de piano. Aos 14 anos, e por influência do guitarrista José Luís Nobre Costa, começou a dedicar-se à guitarra portuguesa, tocando desde então. Apresentou-se em casas do fado como no Arreda, em Cascais, e no Amália Clube de Fado, em Lisboa.

O duplo álbum "Festim" de Pedro de Castro é editado pela chancela discográfica do Museu do Fado.

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