Com atividade desde 2008, o coletivo que nasceu como um projeto de formação da Escola Profissional de Música de Espinho considera ter atingido um nível de maturidade e experiência que justifica um disco próprio e, para o efeito, reuniu nos estúdios Arda Recorders, no Porto, um total de 21 músicos, conduzidos por Paulo Perfeito.

A desvendar pelas 18h00 em concerto no Auditório de Espinho, o álbum de 55 minutos apresentará três obras de Eduardo Cardinho já antes editadas, mas agora com novos arranjos, e igual número de temas de Miguei Moreira, também eles atualizados.

“Nunca tínhamos gravado juntos, mas há bastante tempo que o queríamos fazer e tivemos agora oportunidade de concretizar essa vontade”, revela o primeiro dos dois músicos à agência Lusa. “O resultado soa muito bem porque escolhemos temas bastante melódicos e usámos muita eletrónica, com alguns sintetizadores”.

Um dos temas de Eduardo Cardinho é “Lua”, que gravou no seu primeiro disco, mas agora renova, transformando “aquele drum’n’bass e hip-hop em algo ainda mais mexido”.

Também se operaram mudanças em “Bipolar H”, com uma primeira parte canção, “muito inspirada em fado”, e uma segunda minimalista, “que é quase um mantra de várias camadas”, tantas são as frases de sopros repetidas, para um efeito algo hipnótico. A transformação do original coube a Zé Pedro Coelho e o remate tem um solo de trompete por Ricardo Formoso.

Já em “In Search of Light”, que Eduardo Cardinho escreveu quando vivia em Amesterdão e se ressentia da falta de luz, dá a ouvir as suas “duas melodias em simultâneo” após um ‘refresh’ de Carlos Azevedo, que o autor da obra considera “um dos maiores arranjadores do mundo”.

Entre os temas da autoria de Miguel Moreira, por sua vez, “Câmbio” destaca-se pela sua técnica harmónica, exibindo “uma linha de trombone-baixo quase impossível de tocar e brilhantemente executada por Rui Bandeira”, para quem foi escrita essa porção específica de pauta.

“Suite do Relógio” reparte-se depois em três pequenas peças sobra a subjetiva perceção do tempo e o guitarrista explica que uma dela foi efetivamente inspirada num mecanismo de relógio: “Usei compassos diferentes em simultâneo, distribuídos por cada naipe de instrumentos, como se fossem várias rodinhas mecânicas que giram a velocidades distintas”.

A terceira obra de Miguel Moreira no álbum de estreia da Orquestra de Jazz de Espinho é “Coentros”, que, sob um arranjo de João Pedro Brandão, explora diferentes modulações métricas e cria tempos para um solo do próprio guitarrista e outro de Eduardo Cardinho, dando novo foco também a Ricardo Formoso e garantindo ribalta ainda a Diogo Alexandre, Rafael Santos e José Diogo Martins.

“Mas temos que dizer que a secção rítmica que eu o Miguel escolhemos foi super importante para o álbum”, realça Eduardo Cardinho. “O Diogo Alexandre é dos bateristas mais criativos da cena portuguesa, o Francisco Brito é um contrabaixista com um som maravilhoso e grande sentido de ritmo e melodia, e o Zé Diogo Martins é um pianista e teclista único, nada convencional e muito contemporâneo”, diz o compositor, garantindo que esses três músicos “ajudaram bastante a moldar a sonoridade que o disco tem”.