Em declarações aos jornalistas, à margem da reunião do executivo, Rui Moreira afirmou que o município "não é ouvido, nem achado" quanto à realização da Marcha do Orgulho do Porto (MOP).

"A marcha pode organizar-se onde pretenderem. Podem começar onde quiserem, podem acabar onde quiserem, no dia que quiserem e à hora que quiserem", afirmou o autarca, dizendo que, à semelhança de outras manifestações, tem apenas de ser comunicada à Polícia de Segurança Pública.

"Questão diferente" é a realização, após a marcha, do arraial, para o qual os organizadores solicitaram apoio financeiro e logístico à autarquia.

"Dissemos que montaríamos tudo o que fosse preciso e indicámos o Parque do Covelo. (...) Eles disseram que não querem, que aquilo que querem é organizar nas Fontaínhas. Se eles quiserem acabar a marcha nas Fontaínhas e fazer o arraial nas Fontaínhas não tem problema nenhum. Fazem ao abrigo do direito à manifestação, não vão é ter apoio da câmara", salientou.

Questionado sobre os motivos que levaram a autarquia a não aceitar a realização do arraial na Alameda das Fontaínhas, conforme tinha sido solicitado pelos organizadores, Rui Moreira afirmou que, naquele local, a situação é semelhante ao Largo Amor de Perdição, onde se realizou o anterior arraial e onde a organização tencionava inicialmente fazer o evento.

"Da mesma maneira que as pessoas do Largo Amor de Perdição têm direito ao seu descanso e sossego, entendemos que nas Fontaínhas é rigorosamente a mesma coisa", referiu, acrescentando que o Parque do Covelo tem “todas as condições”.

Rui Moreira afirmou ainda que a ideia de que o município está a proibir a realização da marcha e do arraial “é mentira” e “uma instrumentalização”.

A questão foi também abordada durante a reunião do executivo, com os vereadores do PS, CDU e BE a solicitarem que a decisão fosse ponderada e encontrado um consenso entre o município e a comissão organizadora.

Hoje, em comunicado, a Comissão Organizadora da Marcha do Orgulho do Porto convocou todas as organizações LGBTIQA+ nacionais e internacionais a estarem presentes no sábado, pelas 15:00, na Praça da República.

“Vamos bater o pé e fazer ouvir as nossas vozes (…) Não aceitamos a invisibilidade. Não há cura para a nossa existência, só orgulho e resistência”, lê-se na convocatória.

Na quinta-feira, numa posição enviada à Lusa, a Câmara do Porto defendeu que a realização do arraial no centro da cidade “não facilitaria a mobilidade” num fim de semana com vários eventos, após receber uma petição contra a sua “invisibilidade”.

No dia 25 de junho, a Comissão Organizadora da Marcha do Orgulho LGBTI+ do Porto lançou uma petição ‘online’ a reivindicar que a 18.ª MOP aconteça no centro do Porto e não seja remetida à "invisibilidade" pelo município, que foi entregue na quarta-feira à Câmara com 5.701 assinaturas.