"A ideia é publicar a preto e branco por ordem cronológica, e em tiragem limitada a mil exemplares, a obra de Hugo Pratt", explicou à agência Lusa Vanda Rodrigues, da recente editora independente Arte de Autor.

Até aqui a banda desenhada de Hugo Pratt, que morreu em 1995, estava publicada em Portugal pela Asa, passando agora a ser reeditada pela Arte de Autor, já a partir deste mês, com "A balada do mar salgado", a primeira história onde aparece o marinheiro solitário Corto Maltese, de 1967.

Juntamente com este álbum, a Arte de Autor publica ainda "Sob o sol da meia-noite", que os autores espanhóis Rubén Pellejero e Juan Díaz Canales fizeram em 2015, e que recupera a figura de Corto Maltese.

A Arte de Autor faz, assim, uma edição simultânea, porque os dois livros estão ligados. A história de "Sob o sol da meia-noite" começa onde a de "A balada do mar salgado" termina, com a ação a situar-se em 1915 e com o marinheiro a surgir no Alaska, ao lado do escritor norte-americano Jack London, depois de ter superado um bando de piratas no Pacífico e na América do Sul.

A reedição da obra de Pratt prosseguirá em 2018, com outros dois títulos.

Hugo Pratt, que faria 90 anos em junho, junta-se a um curto catálogo da Arte de Autor no qual figuram, por exemplo, "Caravaggio - o pincel e a espada", de Milo Manara, "Como viaja a água", de Juan Díaz Canales, e "Eu, assassino", de Antonio Altarriba.

"Somos uma pequena editora e pretendemos continuar assim. Lançámo-nos na edição de BD, porque sentimos que, de repente, além do que sai com os jornais, praticamente deixou de haver BD franco belga - de autor - nas livrarias", justificou Vanda Rodrigues, à Lusa.

A intenção da editora, referiu, é "publicar com qualidade e construir um catálogo homogéneo" para leitores adultos "que gostam de BD franco-belga e que a veem como uma arte maior, onde o autor não pode ser dissociado da obra".

Hugo Pratt morreu a 20 de agosto de 1995, aos 68 anos, na Suíça, mas ficou um património que deixou marcas para lá da banda desenhada, com livros como "Fábula de Veneza", "Sob o signo de capricórnio", "Os escorpiões do deserto", "As etiópicas", "As helvéticas" e "Mû".