O trio é constituído pela cantora, pelo pianista Ralf Schmid e pelo trompetista Joo Kraus, e inicia a digressão no dia 28, em Coimbra, no Convento S. Francisco, seguindo-se, no dia 6 de março, o Teatro Diogo Bernardes, em Ponte de Lima, no Minho, e, em 7 de março, a Casa da Música, no Porto.

Em declarações à Lusa, Paula Morelenbaum afirmou que, em conjunto, no novo álbum, os músicos apresentam “uma visão contemporânea, e mais atual de uma [expressão] clássica que é a bossa nova”.

“A bossa nova presta-se a ser tocada como ela é originalmente, mas também a inventar outras sonoridades, sem a ferir”, disse.

A intérprete qualificou os compositores de Bossa Nova como “maravilhosos” e referiu que “ouviam de tudo, jazz, e do bolero ao samba... Eram muito abertos e, os mais eruditos, como Tom Jobim, ouviam música clássica”.

“É daí que surge essa bossa nova, que tanto encanta o mundo, é essa fusão da raiz brasileira, africana, que gerou o samba, com a música clássica europeia”, argumentou.

“Samba de Verão” é um dos temas do segundo álbum do trio, com arranjos coletivos do grupo.

“Os arranjos são coletivos, ninguém assina, mas é uma coisa muito natural, concordamos totalmente, e há uma química muito boa”, disse a cantora à Lusa.

Paula Morelenbaum vaticinou que, “dentro de 300 anos, a bossa nova será vista como uma música clássica, tal como as peças de Heitor Villa-Lobos”.

Questionada sobre a situação política no Brasil, a cantora críticou “a censura camuflada” que existe, desde tomada de posse de Jair Bolsonaro, em janeiro do ano passado, após a sua eleição em outubro de 2018.

“Essa censura começou desde o 1.º dia do Presidente, no Governo, e toda a ‘entourage’ da Presidência, também caminha para isso”.

”Existe, obviamente uma reação. Todos nós, artistas, estamos reagindo para que isso não aconteça [generalização da censura]. Se não estivermos atentos, pode acontecer, estamos, realmente a viver um momento perigoso”, alertou.

“Eu acho que esta presidência não tem nada a ver com [o espírito da] Bossa Nova. Este momento que estamos a viver no Brasil não tem nada com Bossa Nova”, reafirmou Paula Morelenbaum.

“A bossa nova era uma esperança, era uma coisa totalmente boa e bonita, era uma renovação. Este momento político do Brasil é, ao contrário, tudo horrível. É o que se tem de pior e se pode querer para um país”, disse.

A cantora fez questão de afirmar que nem ela nem os seus próximos “felizmente” votaram em Bolsonaro, “graças a Deus”.

“Estamos torcendo para que alguma coisa dê certo, porque infelizmente, até agora nada deu certo, e fica muito difícil a gente fazer música maravilhosa, uma arte maravilhosa, se este Governo não está incentivando e está assim um ‘salve-se quem puder’’, disse.