Carlos do Carmo, que foi embaixador da candidatura do Fado, atua no Teatro S. Luiz, num espetáculo que conta com a participação da fadista Ana Moura, em que homenageia o viola-baixo, Joel Pina, de 96 anos.

“Integrando ontologicamente o imaginário da cidade, a voz de Carlos do Carmo transmutou-se há muito numa alegoria de Lisboa, celebrada nos palcos mais prestigiados do mundo”, disse à Lusa fonte da produção do concerto.

Segundo a mesma fonte, Carlos do Carmo, filho da fadista Lucília do Carmo (1919-1998), irá interpretar, entre outros temas, “Fado dos cheirinhos”, “Rua do silêncio”, “Homem na Cidade”, sendo acompanhado pelos músicos José Manuel Neto, na guitarra portuguesa, Carlos Manuel Proença, na viola, e Carlos Bica, no contrabaixo.

Joel Pina, que tocou, praticamente, com todos os nomes do fado e muitos da canção, fez parte do Grupo de Guitarras de Raul Nery, que “acompanhou os melhores artistas, de Amália Rodrigues a Tony de Matos, Maria Teresa de Noronha, Tristão da Silva, Fernando Farinha, Fernando Maurício, Max, entre muitos outros, e que foi uma referência no meio fadista e na música portuguesa”, disse à Lusa o estudioso de fado Luís de Castro.

O músico, que acompanhou Amália Rodrigues desde a década de 1960 até a morte da fadista, em 1999, foi homenageado no ano passado no Festival Guitarra d’Alma, em Almeirim.

Profissionalmente, Joel Pina iniciou a carreira em 1949, quando o músico e compositor Martinho d’Assunção (194-1992) o convidou a fazer parte do Quarteto Típico de Guitarras.

Carlos do Carmo, com mais de 50 anos de carreira, é criador de êxitos como “Trem desmantelado”, “Canoas do Tejo” e “Por morrer uma andorinha”, é o único português distinguido com um Grammy Latino Carreira.

O concerto no S. Luiz faz parte do programa do Museu do Fado que celebra os cinco anos da distinção do Fado como Património Imaterial da Humanidade e que inclui a estreia, na quinta-feira passada, da “Toada de Portalegre”, de José Régio, com música de Rabih Abou-Khalil, pelo fadista Ricardo Ribeiro, com a Orquestra Metropolitana de Lisboa, dirigida por Jan Wierzba, e o próprio compositor em alaúde, e o percussionista Jarrod Cagwin.

Da programação consta ainda a exposição de desenho de Manuel Vieira, “Phonógrafo”, patente no Museu do Fado, em Lisboa, até ao final do ano.

“Partindo do poema Fonógrafo de Camilo Pessanha, Manuel Vieira convoca os grandes temas do repertório tradicional, revisitando a mitologia e sublimando as personagens dos fados de Joaquim Cordeiro, Frutuoso França ou Joaquim Pimentel”, afirma o Museu em comunicado.

“Evocando simultaneamente o repertório de um dos alter-egos de Manuel João Vieira - o Lello Perdido - o artista vai estilhaçando fronteiras entre erudito e popular, reunindo referências da literatura, da mitologia ou do vernáculo, para as reorganizar numa gramática plástica própria e em constante renovação”, segundo o mesmo comunicado.