As canções de Carmen Miranda

"O que é que a baiana tem? Tem torso de seda, tem. Tem brinco de ouro, tem. Corrente de ouro, tem. Tem pano da Costa, tem (tem). Tem bata rendada, tem. Pulseira de ouro, tem. E tem saia engomada, tem. Tem sandália enfeitada, tem. E tem graça como ninguém". E teve Hollywood a seus pés.

Nascida em Marco de Canaveses em 1909, Carmen Miranda deixou Portugal em bebé e chegou ao Rio de Janeiro aos 10 meses de vida. A artista morreu a 5 de agosto de 1955, com apenas 46 anos.

O novo museu em Marco de Canaveses

Em breve, em Marco de Canaveses, irá reabrir um renovado museu sobre a vida e obra da artista.  A obra de remodelação do Museu Carmen Miranda representou um investimento de 1,1 milhões de euros, disse à Lusa fonte da autarquia.

No início do ano, a presidente da autarquia, Cristina Vieira adiantou, ainda, que a Câmara Municipal está já a trabalhar com várias entidades, como a Direção Regional de Cultura do Norte e o Governo Estadual do Rio de Janeiro, para reunir, adquirir e organizar todo o espólio de Carmen Miranda.

"Queremos tornar este museu num equipamento à dimensão internacional da artista [luso-brasileira natural do Marco de Canaveses] e conseguir chegar a mercados turísticos muito relevantes, que veem em Carmen Miranda um motivo para se deslocarem e conhecerem mais", acrescentou.

A obra prevê a ligação de dois edifícios, antigas casas dos magistrados, transformados em Museu Carmen Miranda e Biblioteca Municipal. Vai surgir agora um novo corpo, mais moderno, respeitando a linha arquitetónica do edificado existente, segundo os projetistas.

A empreitada prevê, ainda, a retirada dos muros e gradeamentos, "para abrir o espaço à comunidade", assinalou Cristina Vieira.

O novo museu contará com o dobro da área atual e terá um espaço educativo dedicado às crianças. Haverá, também, uma parte dedicada à emigração, evocando nomeadamente aqueles que um dia partiram do concelho.

Acresce um projeto musical, que irá trabalhar as músicas e a imagem de Carmen Miranda.

A pequena notável

Maria do Carmo Miranda da Cunha nasceu no dia 9 de fevereiro de 1909 em Várzea de Ovelha e Aliviada, no concelho do Marco de Canaveses. Aos 10 meses, a artista deixou Portugal e atravessou o Atlântico até ao Rio de Janeiro, onde ainda hoje, 66 anos após a sua morte, é símbolo internacional do panorama artístico e cultural.

A música sempre foi a grande paixão de Carmen Miranda, que começou a mostrar o seu talento num rádio local. Pouco tempo depois, no final da década dos anos 1920, já era uma estrela no Brasil. Depois da música, a artista abraçou mais uma paixão, o cinema.

A estreia no grande ecrã deu-se em 1933, no documentário "A Voz do Carnaval". Dois anos depois, chegou o seu primeiro sucesso no cinema, o filme "Alô, Alô, Brasil". Depois, nunca mais parou.

Aos 30 anos, em 1939, Carmen Miranda deu o grande salto da sua carreira, ao mudar-se de malas e bagagens para Nova Iorque. A marcoense chegou à Broadway no mesmo ano, com "The Streets os Paris". O sucesso do musical chamou a atenção e, meses depois, a cantora cantou na Casa Branca para o presidente Roosevelt.

Carmen Miranda

Carmen Miranda participou em mais de uma dezena de filmes nos Estados Unidos e protagonizou outros tantos no Brasil, entre eles “Alô, Alô Carnaval” (1936) “Uma Noite no Rio” (1941), “Aconteceu em Havana” (1941), “Minha Secretária Brasileira” (1942) e “Serenata Boémia” (1947).

A pequena Notável, com apenas 1,52 m de altura, tornou-se uma das maiores estrelas de Hollywood. Em 1941, Carmen Miranda recebeu uma estrela no Passeio da Fama, tornando-se na primeira portuguesa a receber a distinção.

Carmen Miranda morreu de ataque cardíaco em 1955, na sua casa em Beverly Hills, nos Estados Unidos. Segundo a imprensa brasileira, mais de 500 mil pessoas juntaram-se ao cortejo fúnebre, no Rio de Janeiro. No adeus, a multidão cantou "Taí".

Carmen Miranda nos dias de hoje

Ainda hoje, mais de 60 anos após a sua morte, Carmen Miranda é um símbolo internacional da cultura brasileira. "A rapidez na fala ficou da herança do sotaque do Porto que ela ouvia em casa, onde começou a cantar marchinhas. Mas as outras características de Carmen Miranda são essencialmente brasileiras", afirmou à Lusa o diretor do museu que tem o nome da cantora, no Rio de Janeiro, César Balbi, na ocasião do 108º aniversário da artista.

Balbi realçou que a cantora nunca voltou a Portugal após deixar o país, nem mesmo quando esteve na Europa. Carmen Miranda morreu a 5 de agosto de 1955, em Bervely Hills, na Califórnia, após sofrer um enfarte.

O interesse do público brasileiro em geral pela artista cresceu apenas após 2005, com a publicação de sua biografia mais famosa, feita pelo escritor Ruy Castro. "Carmen tem um público dos cinco aos 100 anos, desde os que conviveram com ela até aqueles que tiveram influências transmitidas pelos pais. Uns veem-na como um ícone da moda, outros pela maquilhagem, outros, principalmente as crianças, pela caricatura, e, os mas antigos, pela voz", disse Balbi, que realçou que a cantora foi pioneira na Música Popular Brasileira.

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