
Organizada pelo Museu de Arte Contemporânea do Centro Cultural de Belém (MAC/CCB) em colaboração com a empresa de comunicação WPP Portugal, a mostra intitulada "Cartazes sem Censura" reflete a diversidade de vozes políticas que emergiram com o fim da censura, sublinha um texto sobre a exposição.
"Mais do que objetos de propaganda, os cartazes são testemunhos visuais de um país em transformação", salienta o museu sobre as peças gráficas apresentadas, preservadas ao longo de cinco décadas pelo antigo responsável da WPP Portugal Manuel Maltez, na altura um jovem de 16 anos que se considerava "anarquista autodidata".
Manuel Maltez recolheu os cartazes das ruas como forma de participar e arquivar a história viva da revolução: "A cada esquina, um cartaz novo, a cada conversa, um conceito revolucionário", recorda a curadoria, a cargo de Isabel Zuzarte, no texto divulgado pelo museu que agora irá expor dezenas de cartazes com momentos de "luta e esperança".
O objetivo da exposição "Cartazes sem Censura", que ficará patente até 28 de setembro no MAC/CCB, é evidenciar o papel da arte gráfica na construção da democracia, sublinha o museu.
Na década de 1970, a comunicação política era "visceral, urgente e sem filtros", e os cartazes, "de estética crua e impressos em serigrafia, usavam cores fortes como vermelho, preto e branco, num design gráfico que traduzia a energia e urgência de um tempo em ebulição".
O ‘design’ gráfico desse período "refletia a efervescência ideológica da época", com cartazes de composições gráficas impactantes, num "visual muitas vezes bruto e direto, de caráter quase artesanal, fruto da necessidade de produzir rapidamente materiais de mobilização".
Estes cartazes, cuidadosamente guardados ao longo dos anos por Manuel Maltez, tornaram-se testemunhos de um tempo em ebulição: "Convocatórias para plenários, manifestações, proclamações de partidos e sindicatos, slogans de resistência, convidam-nos a revisitar um momento único da nossa História, transportam-nos a um Portugal que descobria a liberdade e a democracia, e oferecem-nos a oportunidade de refletir sobre o papel da liberdade de expressão".
"A ditadura tinha deixado para trás um país pobre, atrasado e cinzento, mas a revolução tinha aberto as portas à vontade — individual e coletiva — de andar em frente. Por um lado, vivia-se um Portugal com pouco emprego e poucos meios; por outro, emergia um povo movido pelas ideias, ansioso por exprimir a sua recém-chegada liberdade de expressão e construir um novo Portugal", aponta ainda a curadoria.
No dia da inaugurada da mostra haverá uma conversa pública, às 17:30, no auditório do museu, com a participação de Nuria Enguita (diretora artística do MAC/CCB), Manuel Maltez, o designer Manuel Peres e o artista Miguel Januário.
A moderação ficará a cargo de Francisco Teixeira, atualmente 'country manager' da WPP Portugal.
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