À agência Lusa, o músico explicou que vai estar “sozinho em palco, a interpretar músicas dos últimos discos e algum material novo”, acompanhado do saxofone baixo, saxofone alto e clarinete contrabaixo.
Na sua música, recusa a manipulação eletrónica e digital, construindo uma espécie de “campo geodésico”, uma “metáfora para o processo de captação de uma multiplicidade de sons de uma única fonte instrumental, que, depois, por métodos de mistura no campo espacial, permite criar três dimensões inteiramente novas, obtidas a partir da captação original”.
“Este tem sido o ponto central de todas as minhas abordagens nas gravações a solo, desde há mais de uma década”, prosseguiu o artista.
Para o compositor e multi-instrumentista, “a inspiração está em todos os sons ouvidos ao longo dos dias, nas canções e nas conversas e em cada história ouvida e emoção sentida. Para mim, é muito claro que nós somos apenas uma espécie de filtro experiencial, e daí que eu tente e me mantenha consciente das minhas experiências.”
O seu trabalho resulta de um exercício de equilíbrio entre a entrega total e alguma contenção, uma qualidade que diz ter aprendido com a interpretação de Anthony Hopkins em “O Silêncio dos Inocentes”, em que destaca “a paciência no método de produção de significado”.
O desempenho do ator acabou por ter um impacto direto na sua música, e explica que “há um tempo para a afetação e para o melodrama generalizado". "Interessa-me, há anos, o que é mínimo e cuidadosamente gradual. O desenvolvimento subtil e uma intenção focada", disse à Lusa. "Estas coisas estão presentes na atuação dele [Hopkins] e são ferramentas muito importantes”.
A par do seu trabalho a solo, Colin Stetson já colaborou com vários artistas, como Tom Waits, Laurie Anderson, Lou Reed, Evan Parker, David Gilmore, LCD Soundsystem e Arcade Fire, e construiu as bandas sonoras de vários filmes.
Com Tom Waits, aprendeu a “soltar a música da mancha do eu e do ego”, a “identificar de que é que uma canção específica ou um filme precisam para estarem completos, e que resistir à tentação de introduzir mais do que apenas aquilo de que precisam é extremamente importante”.
Há em cada atuação do músico um enorme esforço físico, que resulta do método e da dinâmica usados na sua interpretação dos saxofones e clarinetes, com recurso a uma técnica ímpar de respiração circular, com a qual cria um som complexo, multifónico, em camadas, e que lhe exige um grande esforço de preparação.
“É claro que pratico bastante a música. Quando me preparo para uma digressão, toco todo o dia, todos os dias, e faço exercícios regulares de manutenção nos instrumentos e nas sessões de improvisação e escrita – e tudo isto é a chave para obter profundidade na ligação física, mental e emocional com as canções, e um sentido de confiança nelas, que exijo, para poder interpretá-las em público”, explicou.
Colin Stetson, em digressão pela Europa, chega a Portugal para três concertos que acontecem em Braga, Lisboa e Ponta Delgada, no domingo, segunda-feira e terça-feira, respetivamente.
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