“Continuará a ser a associação dos Amigos do Coliseu a operar e o Coliseu continua a ser um equipamento de todos os portuenses”, afirmou Rui Moreira, à margem da reunião privada do executivo.

Na sexta-feira, a Área Metropolitana do Porto (AMP) aprovou, por unanimidade dos municípios presentes na reunião, a comparticipação nas obras de reabilitação do Coliseu, decorrente da condição de ser um dos associados dos Amigos do Coliseu, entidade que gere o equipamento.

Posteriormente, a Câmara de Valongo, ausente na reunião, afirmou que votaria contra esta decisão.

No dia anterior, em entrevista ao jornal Público, o presidente da associação Amigos do Coliseu, Miguel Guedes, disse esperar que a AMP avançasse com um investimento mais estrutural, de cerca de 3,5 milhões de euros, para uma obra “urgente e decisiva” de reabilitação da fachada, caixilharias e circuitos de acessibilidade do equipamento.

Hoje, aos jornalistas, Rui Moreira esclareceu que parte da verba atribuída no âmbito do programa Portugal 2030 aos concelhos do distrito do Porto será aplicada nas obras do Coliseu.

“Ao contrário do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR), o Portugal 2030 não paga tudo [totalidade do investimento]. Relativamente à componente nacional, o município do Porto cá estará para pagar a sua parte”, referiu, destacando que essas sempre foram as condições para que não se avançasse com a concessão daquele equipamento a privados.

“São boas notícias porque voltamos ao plano A, que era o plano que sempre tínhamos dito que, se houvesse fundos, iríamos a jogo. Estes fundos não chegam para tudo, mas na componente nacional estaremos disponíveis”, acrescentou.

Já quanto ao facto de o município de Valongo, que não esteve presente na reunião da AMP, se ter manifestado contra a atribuição de fundos para a reabilitação do Coliseu do Porto, Rui Moreira disse esperar que a AMP “resolva o assunto”.

“Quem não vai, não pode votar. Não me admira muito da parte do município de Valongo, que tem defendido sempre essas posições, mas julgo que se encontrou o consenso suficiente”, referiu.

Em setembro, Rui Moreira revelou ser intenção da associação Amigos do Coliseu submeter as obras de reabilitação a fundos comunitários do programa Norte 2030, tornando desnecessária a concessão do equipamento.

A 15 de julho de 2022, a direção da Associação Amigos do Coliseu aprovou por unanimidade uma proposta, apresentada pelo então representante da Câmara do Porto, para concessionar o equipamento a privados.

Em declarações aos jornalistas, Rui Moreira afirmou que concessionar o equipamento a entidades privadas era "voltar à intenção original".

No mesmo dia, o ministro da Cultura, Pedro Adão e Silva, disse, em declarações enviadas à Lusa, que apoiava a concessão e que a opção era feita "sem nenhum preconceito" quanto ao modelo de gestão e financiamento da reabilitação.

O músico Miguel Guedes foi convidado pela Câmara Municipal do Porto a assumir o cargo de presidente da direção do Coliseu, espaço cultural que pretende "preservar" e "eternizar", reforçando a sua ligação à cidade e às pessoas, disse numa entrevista à Lusa.

Miguel Guedes disse também ser preciso "olhar com todo o rigor, clareza e coragem" para o Coliseu que "precisa de obras urgentemente e ninguém pode desresponsabilizar-se dessa necessidade urgente".