“Estes países praticam uma política de discriminações importantes contra os membros da comunidade LGBT”, afirmou Elton John, numa conferência de imprensa em Amesterdão, no âmbito do anúncio, com o príncipe britânico Harry, de um novo financiamento internacional para “quebrar o ciclo” de transmissão do VIH.
Em declarações a repórteres, afirmou que, se não existisse “esse sectarismo e ódio”, a doença poderia ser erradicada mais rapidamente “do que se possa imaginar”.
Ainda assim, Elton John julga indispensável trabalhar com os governos em causa: “Os políticos devem estar à altura do desafio. Podem pôr fim a esta epidemia rapidamente se pensarem nos humanos como seres iguais”.
“Não sou o presidente [russo] Putin ou o presidente [dos Estados Unidos] Trump. Não estou à frente de um país. Os políticos devem ser mais humanitários”, disse o músico britânico.
No segundo dia da 22.ª conferência internacional da Organização Mundial de Saúde (OMS) sobre sida, Elton John e o príncipe Harry procuraram contribuir para pôr fim à estigmatização em torno do VIH através de uma iniciativa intitulada “MenStar Coalition”.
Na segunda-feira, foi anunciado um certo recuo na investigação em torno de uma vacina contra o vírus, numa altura em que as novas infeções estão a aumentar em zonas do mundo como a Europa de Leste e a Ásia Central.
“O progresso pelo qual tanto nos temos batido é ameaçado por uma perigosa complacência”, afirmou o príncipe Harry.
Por seu lado, a atriz Charlize Theron enfatizou que a epidemia não é apenas um problema de sexo ou da sexualidade, sabendo-se que “está ligada ao estatuto de segunda classe dado às mulheres e raparigas pelo mundo”.
Portugal está entre o restrito grupo de países europeus com mais pessoas com VIH diagnosticadas e com mais doentes em tratamento que deixaram de transmitir a infeção, revelou, no começo de julho, um responsável da OMS.
No entanto, a média dos 53 países europeus que participam no programa das Nações Unidas para o VIH/SIDA — ONUSIDA, conhecido como 90/90/90 - revelam uma situação preocupante: apenas 69% de doentes estão identificados, a maioria não está em tratamento (58%) e apenas 36% de doentes que estão em tratamento deixaram de ser uma ameaça na transmissão do vírus.
Na Europa de Leste, estão diagnosticados apenas 63% dos doentes, só um em cada quatro (28%) está em tratamento e 88% dos doentes em tratamento continuam a ser um perigo em termos de transmissão do vírus.
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