
Bruno Vieira Amaral foi convidado pelo Instituto Camões ao festival literário que começou na terça-feira, em Nova Iorque, e que encerrou o primeiro dia com um painel sobre migrações, no centro cultural espanhol, Instituto Cervantes.
Num painel constituído pelos escritores Theodora Bauer, Adrian Grima e pela apresentadora Nermeen Shaikh, o escritor português homenageou os retornados, que tiveram de “regressar a um sítio onde nunca tinham estado”, porque nasceram nas antigas colónias e foram obrigados a ir para Portugal.
Os familiares de Vieira Amaral, com mãe de Portugal e pai da África, “tinham perspetivas completamente diferentes sobre o que aconteceu depois da revolução portuguesa”, disse, para explicar como as migrações são um deslocamento de realidades.
“Cresci a ouvir a mesma história contada por diferentes pessoas e de diferentes perspetivas. Por isso é que acho que me tornei num escritor e não num político”, afirmou no encontro.
Bruno Vieira Amaral entende que os migrantes têm de enfrentar uma mudança de realidades e uma “deslocação que não é só linguística, mas do sítio onde estamos no mundo”.
“Vejo o deslocamento como um sentimento de desejo de estar noutro sítio”, disse o autor premiado em 2015 com o Prémio José Saramago, defendendo que se pode estar “deslocado num casamento, numa religião, num género, num país”.
O encontro, que teve introdução da cônsul geral de Portugal em Nova Iorque, Maria Fátima Mendes, fez parte do festival literário New Literature from Europe (NLE), este ano dedicado ao tema da globalização, migração e desafios modernos.
Bruno Vieira Amaral publicou o primeiro romance em 2013, “As primeiras Coisas”, tendo sido distinguido desde logo com o Prémio Pen Clube Narrativa, o Prémio Literário Fernando Namora e o Prémio Literário José Saramago. Desde então surgiram “Aleluia” e “Guia Para 50 Personagens da Ficção Portuguesa”.
Em 2017 publicou o segundo romance, “Hoje Estarás Comigo no Paraíso”. Este ano publicou a coletânea “Manobras de Guerrilha”, que reúne textos dispersos, apresentados em conferências e encontros, publicados em jornais e blogues.
O Camões – Instituto da Cooperação e da Língua participa no festival, no âmbito da rede de Institutos Culturais da União Europeia (EUNIC) em Nova Iorque, e tem ainda o apoio do Consulado Geral de Portugal em Nova Iorque.
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