Organizada pela Art Dispersion, a exposição fotográfica reúne criações de 12 artistas de Portugal, Argentina, Brasil, Espanha e Moçambique, num projeto que contou com a curadoria de Bruna Lobo e a participação do Instituto Moreira Salles.

O deslocamento da arte da galeria para os painéis de rua "é uma audácia que contribui para a conversão momentânea dos transeuntes em apreciadores de arte, comprometidos unicamente com o sentir daquilo que está tão próximo", afirma a curadora, citada, em comunicado, pela organização.

Rodrigo Bettencourt da Câmara apresenta a obra “Museu em Montagem”, sobre a nostalgia dos bastidores da produção artística, numa imagem sobrecarregada de objetos e de movimento que dá a conhecer o esforço de produzir os espaços das artes em contexto de pandemia.

Por seu turno, Filipe Branquinho, em “Neblina”, funde as paisagens através da natureza na sua totalidade, fruto de uma reflexão sobre o impacto de toda a atividade humana no meio ambiente, um tema também explorado por Bruno Veiga, que mostra como os elementos construídos pelo homem, para tornar a vida mais confortável, dominam a paisagem.

As relações entre o homem e a natureza, numa fotografia com um ramo vegetal florido, mas preso num herbário e meticulosamente dominado, da autoria da artista Teresa Palma Rodrigues, sob o título “Corriola (Convolvulus)”, evoca também a necessidade humana de dominar a natureza.

Contudo em “The runners”, do argentino Alberto Natan, há um alerta da perspetiva do "olhar tímido por entre os galhos das árvores das pessoas na rua, que pode ser as grades da natureza na qual estamos subordinados".

Por seu turno, em “Concierto para el Bioceno” de Eugenio Ampudia, mais de 2.292 plantas ocupam o lugar dos espectadores no Teatro El Liceu de Barcelona para assistirem ao concerto da peça “Crisantemi”, de Giacomo Puccini, numa imagem que desenvolve o antigo pensamento de que não é a natureza que é cega e sim o homem.

Esse homem é representado no seu auge em “Selfie Me”, de João Lobo, imagem do momento de uma ´selfie´, da relação do homem com suas invenções: "Hoje, tirar fotografias é um modo de atestar uma experiência ´voyeurista´. Ainda acreditamos que é a prova incontestável de nossa existência na terra", afirma a curadoria.

A questão da importância da existência é levantada em “Família no enterro”, de Evandro Teixeira, uma imagem que "estremece as bases existenciais", enquanto o artista Thales Trigo fotografou a cumplicidade e harmonia em “Somos Iguais”, uma "imagem simples de um dos sentimentos mais nobres, o amor".

A luta, na imagem de João Miguel Barros, é o desporto, mas transferido para o conceito de luta pela sobrevivência em tempos de pandemia, enquanto o portão trancado, pintado com a bandeira de Portugal, concilia esse momento do atual estado da nação.

No quadro do “plano de desconfinamento” progressivo, anunciado pelo Governo, a partir de hoje reabrem museus, monumentos, palácios, galerias de arte e espaços similares, com calendário e horários adaptados a cada um, depois de terem estado encerrados ao público desde 15 de janeiro deste ano.

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