Após muita controvérsia devido à mudança de local à última hora, o VOA - Heavy Rock Festival 2019 não deixou de receber uma grande adesão do público no primeiro dia, na Altice Arena, em Lisboa.

Até terça-feira o evento ainda estava anunciado para decorrer no Estádio do Restelo. Porém, na tarde de quarta-feira surgiu um anúncio oficial por parte da organização. Vale a pena ressaltar que os Slipknot já haviam publicado um aviso nas suas redes sociais sobre a alteração repentina.

Realizar o trabalho de imprensa não foi tarefa fácil. Não havia espaço reservado para jornalistas e as informações desencontravam-se.

Já em relação ao público, a frustração foi diminuindo com o decorrer de cada atuação. Até mesmo muitos dos que tentaram vender os seus bilhetes à porta da Altice Arena acabaram por se render e não faltaram ao evento, que encerraria com um super espetáculo dos Slipknot.

Outro dos grandes nomes do cartaz, os também norte-americanos Trivium foram a primeira banda a movimentar o público. O ponto alto do concerto foi a participação do cantor português Toy, que foi convidado a subir ao palco para uma versão da canção ‘Coração Não tem Idade (Vou Beijar)’.

O vocalista Matt Heafy cumpriu a promessa e, mesmo alegando não ter um bom português, atuou em grande ao lado do cantor setubalense, levando o público ao delírio.

Com uma voz potente e de fazer inveja a muitos ‘frontmen’, a líder dos Arch Enemy, Alissa White-Gluz, deu continuidade à noite com uma performance arrebatadora.

Do alto da arena foi possível observar diversos ‘circle pits’ em formação a cada incentivo realizado por parte da vocalista. E com o palco muito bem aquecido, foi a vez de os mascarados Slipknot fecharem uma noite que tinha tudo para correr mal, mas que surpreendeu até os mais céticos.

O grupo voltou em digressão depois de ter ficado três anos longe dos palcos. A maioria dos presentes no primeiro dia do VOA 2019 estaria lá para ver a banda do Iowa. As muitas t-shirts confirmaram a preferência do público.

Passaram quase 10 anos para que esse regresso fosse possível. Muita expectativa pairava no ar, sobretudo porque o motivo da troca de local tinha sido um problema ao montar a estrutura para a atuação dos Slipknot.

Muitos jovens ali presentes ainda nem tinham nascido quando foi lançada estreia dos norte-americanos, em 1999. Naquela altura o metal estava a passar por uma fase em que se classificavam quase todos os grupos que faziam música pesada e sem muitos solos de guitarra, e com elementos de rap nas vozes, de nu-metal.

‘We Are Not Your Kind’ é o álbum com edição marcada para 9 de agosto. E esse é também o principal motivo dpara os Slipknot estarem novamente na estrada.

Lembremos também que a banda perdeu um dos seus membros originais em março deste ano, o percussionista Chris Fehn (na sequência de divergências financeiras).

Slipknot

Só que uma tragédia muito maior ocorreu pouco antes da data de início da digressão mundial: Gabrielle, filha de Shawn ‘Clown’ Crahan (o número 6), morreu devido a uma overdose, a mesma causa da morte de Paul Gray (o baixista original, associado ao número 2 no uniforme e que usava uma máscara de porco) em 2010. É impressionante que a banda ainda consiga apresentar atuações tão intensas, mesmo tendo vivido tantos traumas recentes.

O concerto começou com 10 minutos de atraso. Finalmente, e ao som da canção ‘For Those About to Rock (We Salute You)’, dos AC/DC, os Slipknot surgiram em palco, vindos de 17 espetáculos gigantescos, como o Download (Inglaterra e Espanha), o Volt (na Hungria) e o Graspop (na Bélgica), e um alinhamento que deixa pouca margem para modificações, embora os seus concertos possuam uma estrutura teatral.

O primeiro tema tocado foi ‘People = Shit’, do multiplatinado álbum ‘Iowa’, emendado por ‘(sic)’ e ‘Get This’ (dois temas extremamente fortes do álbum de estreia), antes da revisitação de ‘We Are Not Your Kind’, sob a forma de ‘Unsainted’.

O carisma de Corey Taylor regia a plateia como uma espécie de maestro trajado com uma máscara que já não ‘assusta’ assim tanto.

Quem esperava por uma bateria giratória (como era habitual até Joy Jordison deixar a banda, em 2013), teve de se contentar com a nova proposta estática, rodeada pelos barris iluminados que acrescentam a percussão.

O cenário era semelhante a um átrio abandonado, preenchido por um jogo de luzes muito bem sincronizadas, além de uma escada metálica a ligar o primeiro andar à parte central do palco.

Mais à frente estavam duas grandes ventoinhas, tapetes em movimento e lances de pirotecnia por todos os lados. A partir daí foi possível entender o porquê da falha na estrutura montada no Estádio do Restelo. É preciso muito preparo para suportar uma produção gigantesca como esta.

Para felicidade das diversas gerações presentes na Altice Arena, Corey garantiu aos fãs que esta não será a última passagem dos Slipknot por Portugal. “É muito bom voltar para uma das melhores cidade do mundo!”, disse.

Apesar do imenso calor que tomava conta do recinto, o público não perdeu a vontade e continuou a movimentar-se abrindo diversas rodas de 'mosh'. Aos que ocupavam as cadeiras no piso superior, viu-se um balançar de cabeças alucinante que completavam a paisagem ‘headbanger’.

O alinhamento apresentando, que já ‘flutuava’ por vários períodos da banda, continuou com clássicos como ‘Disasterpiece e ‘The Heretic Anthem’, passando pelas canções ‘Before I Forget’ e ‘Duality’, do Vol.3: The Subliminal Verses, chegando aos trabalhos mais recentes como ‘The Devil In I’ e ‘Custer’ do disco .5: The Gray Chapter, o quinto e último trabalho de estúdio, lançado em 2014.

Seguindo o ‘ritual’ já conhecido por muitos, os Slipknot fecharam a noite com ‘Spit It Out’ (outro clássico do álbum homónimo que completou 20 anos no mês passado) e ‘Surfacing’, encerrando o espetáculo marcado pela ‘harmonia caótica’ de um dia cheio de grandes emoções.

A expectativa agora é a de que a banda não demore mais uma década para regressar.

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