"Em França haverá universidades associadas, conferências, doutoramentos, filmes. Quanto à UNESCO, tal como a Fundação José Saramago, há este encontro de missões em relação à cultura, à educação e aos direitos humanos", afirmou Pilar del Río em declarações à agência Lusa.

As celebrações do Centenário de José Saramago, que vão ter início em novembro de 2021, e prolongar-se durante um ano, até à data em que o escritor completaria cem anos, em 16 de novembro de 2022, devem receber o selo da Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura (UNESCO).

"A UNESCO quase seguramente nos dará a honra do seu [símbolo] em todos os materiais respeitantes ao centenário, mas nós vamos propor também iniciativas apoiadas por todos os países de língua portuguesa e países de língua espanhola", detalhou Carlos Reis à agência Lusa.

Entre algumas das iniciativas previstas em França está a introdução de leituras de José Saramago, nas aulas de língua portuguesa e também nas universidades. Outra ideia é apresentar a ópera "Blimunda", de Azio Corghi, que adapta o "Memorial do Convento", encenada pelo Teatro Nacional de São Carlos.

Com toda a obra de José Saramago traduzida em França, Pilar del Río considera que os franceses e a comunidade portuguesa residente no país sabem quem é o Prémio Nobel da Literatura, embora culpe os meios de comunicação social por falta de destaque dada à cultura.

"Acho que as pessoas sabem quem é Saramago. Claro que os meios de comunicação dedicam quase meia hora ao desporto e um minuto à cultura, e daí esta proporção", concluiu.

Em abril, o apoio simbólico da UNESCO às celebrações do centenário de José Saramago foi aprovado hoje na 211.ª sessão do conselho executivo, como o embaixador de Portugal António Sampaio da Nóvoa, confirmou então à agência Lusa.

Na passada segunda-feira, o Presidente da República Portuguesa divulgou também ter recebido, em audiência, no Palácio de Belém, Pilar del Rio e Carlos Reis, a propósito das Comemorações do Centenário de José Saramago, sendo expectável a participação de Marcelo Rebelo de Sousa, numa das iniciativas, na abertura do ano dedicado ao escritor.

As linhas gerais da programação, ainda em definição, foram divulgadas no início de junho, visando "consolidar a presença do escritor na história cultural e literária", em Portugal e no estrangeiro, e "prestar homenagem à sua figura como cidadão".

Entre as iniciativas já previstas estão cinco conferências sobre José Saramago, comissariadas pelo escritor argentino Alberto Manguel, bibliófilo, investigador e diretor do futuro Centro de Estudos da História da Leitura, a instalar em Lisboa.

Está também previsto que, no próximo dia 16 de novembro, quando o Nobel da Literatura completaria 99 anos, que 100 escolas do ensino básico promovam a leitura, em simultâneo, do conto infantil do escritor “A Maior Flor do Mundo”, numa parceria entre a Fundação José Saramago, a Rede de Bibliotecas Escolares e o Plano Nacional de Leitura.

Ainda segundo o anúncio feito pela Fundação, está também previsto que, um ano depois, a 16 de novembro de 2022, 100 escolas do ensino secundário promovam igualmente a leitura de páginas de “Memorial do Convento” e de “O Ano da Morte de Ricardo Reis”.

Entre as duas ações, correrá o ano do centenário, com a leitura como apelo e ato permanente, envolvendo ainda entidades como os teatros nacionais, a Rede Nacional de Bibliotecas Públicas, a Direção-Geral do Livro, dos Arquivos e das Bibliotecas, estações de rádio, como a Antena 2, universidades portuguesas e universidades federais do Rio Grande do Norte e Fluminense, do Brasil, e a Universidade de Vigo, em Espanha, entre outras instituições.

O programa das comemorações inclui iniciativas distribuídas por vários domínios, do debate a exposições temáticas e de artes plásticas, a mostras de cinema e representações de teatro, ópera e bailado.

Por ocasião do centenário de nascimento do escritor estão também previstas edições de José Saramago e publicações sobre a sua obra, em diferentes países e idiomas, como as "Conferências do Nobel", uma fotobiografia por Ricardo Viel e Alejandro García, com fotografias e inéditos, a par da edição eletrónica da mostra “José Saramago: A Semente e os Frutos” e da “Agenda José Saramago para 2022”, pela Imprensa Nacional, em parceria com a Fundação.

“O Emendar dos Autores. A novíssima ficção portuguesa. Estudos sobre escritores galardoados com o Prémio José Saramago”, organizado por Jorge Vicente Valentim e André Corrêa de Sá, “O Essencial sobre José Saramago”, de Carlos Reis e Sara Grünhagen, também a editar pela Imprensa Nacional, “José Saramago: “O homem mais sábio”, recolha de textos de doutrina literária e social de José Saramago, constam das publicações a editar no âmbito das comemorações.

Exposições e representações artísticas, entre as quais “Mulheres Saramaguianas: serigrafias e gravuras sobre personagens femininas de Saramago”, com textos de escritoras de língua portuguesa e espanhola e curadoria de Ana Saramago, a edição de uma moeda comemorativa do centenário de nascimento do escritor e um ciclo de cinema, com exibição de filmes adaptados ou baseados na ficção de José Saramago, pela Cinemateca Portuguesa, estão também previstos.

Espetáculos de dança, um concerto e o regresso da ópera “Blimunda”, de Azio Corghi e José Saramago, sobre o "Memorial do Convento", pelo Teatro Nacional de São Carlos, assim como peças de teatro a partir de textos do escritor, constam igualmente das primeiras linhas gerais do programa das comemorações, anunciadas em junho pela fundação.

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