Na mesma nota, a distinção é ainda justificada pela sua dedicação “à produção literária e à escrita, difundindo amplamente a Língua e a Cultura portuguesas, ao longo de mais de 50 anos”, pelo que “entende o Governo português prestar pública homenagem ao escritor Gastão Cruz, concedendo-lhe a Medalha de Mérito Cultural”.
Gastão Cruz que nasceu em Faro, completa na sexta-feira 77 anos, é licenciado em Filologia Germânica pela Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa e autor de vários títulos de poesia e ensaio.
A nota ministerial recorda que “a poesia acompanhou-o desde muito novo, datando do período em que esteve na faculdade o início da sua colaboração em diversos jornais e revistas, com poemas e artigos sobre poesia. Cite-se, a título de exemplo, os ‘Cadernos do Meio-Dia’, publicados em Faro, sob a direção de António Ramos Rosa e de Casimiro de Brito”.
Na época colaborou com a “Poesia 61”, título que reuniu Casimiro de Brito, Luiza Neto Jorge, Maria Teresa Horta e Fiama Hasse Pais Brandão, com quem foi casado.
Refere a mesma nota que, “nos tempos da universidade, Gastão Cruz participou ativamente nas greves académicas de 1962 e foi um dos organizadores da ‘Antologia de Poesia Universitária’ (1964)”.
A distinção do Governo português junta-se a outras, nomeadamente, o Prémio D. Diniz, em 2000, pelo livro “Crateras”, o Prémio do P.E.N. Clube Português de Poesia, em 1985, 2007 e 2014, respetivamente, pelas obras “O Pianista”, “A Moeda do Tempo” e “Fogo”, o Grande Prémio de Poesia da Associação Portuguesa de Escritores, em 2002, pela obra “Rua de Portugal”, e ainda o Grande Prémio de Literatura DST, em 2005, por “Repercussão”, e o Prémio Literário Correntes d’Escritas/Casino da Póvoa, em 2009, por “A Moeda do Tempo”.
Em 2013, a Fundação Inês de Castro homenageou o poeta atribuindo-lhe o Prémio Tributo de Consagração.
Também tradutor de autores como William Blake, Jean Cocteau ou Wlliam Shakespeare, Gastão Cruz recebeu em 2015 o Prémio de Tradução da Casa da América Latina pela tradução da obra “Troco a Minha Vida por Candeeiros Velhos”, do poeta colombiano León de Greiff. Traduziu igualmente os poemas de outro colombiano, Porfirio Barba-Jacob, incluídos na antologia bilingue “Todos os Sonhos do Mundo” (2012).
A nota ministerial salienta que Gastão Cruz tem desempenhado “um importante papel na divulgação, promoção e crítica da poesia e da literatura em geral, bem como do teatro e da música”.
Os seus ensaios sobre poesia, “A Poesia Portuguesa Hoje”, foram editados pela primeira vez em 1973. “A Vida da Poesia – textos críticos reunidos” (2008) é a mais recente recolha do seu trabalho ensaístico.
No ano seguinte, em 2009, reuniu a sua poesia no volume “Os Poemas”, tendo posteriormente publicado “Escarpas” (2010), “Observação do Verão” (2011), “Fogo” (2013), “Óxido” (2015) e “Existência” (2017).
Em 1975, Gastão Cruz foi um dos fundadores do grupo Teatro Hoje, posteriormente fixado no Teatro da Graça, que dirigiu e para o qual encenou peças de Crommelynck, Tchekov e Strindberg, assim como uma adaptação do romance “Uma Abelha na Chuva”, de Carlos de Oliveira.
De 1980 a 1986 foi leitor de português no King’s College, na Universidade de Londres.
Autor de títulos como “A Morte Percutiva” (1961), “A Poesia Portuguesa Hoje” (1973), “Campânula” (1978), “Órgão de Luzes” (1990), “Transe – Antologia 1960-1990” (1992) e “As Pedras Negras” (1995), é, atualmente, um dos diretores da Fundação Luís Miguel Nava e da sua revista de poesia Relâmpago.
A Medalha de Mérito Cultural será entregue a Gastão Cruz, a 04 de agosto, pelo ministro da Cultura, Luís Filipe Castro Mendes, no âmbito do 3.º Festival Literário Internacional de Querença, em Loulé, no Algarve, que nesta edição homenageia o poeta.
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