O espetáculo, que se estreia no Largo de S. João, em Palmela, às 22h00 de dia 24, tem como objetivo “fazer um paralelismo entre a atualidade das escolas - problemáticas como o ‘bullying’, o racismo, o machismo, a homofobia - e o Estado Novo”, explicou à Lusa o maestro Jorge Salgueiro, diretor artístico da Associação Setúbal Voz.

A ópera integra as comemorações dos 50 anos da Revolução de Abril de Palmela e terá elementos da Associação Setúbal Voz, da Academia de Dança Contemporânea de Setúbal, do Conservatório de Setúbal e jovens da comunidade escolar dos concelhos de Setúbal e Palmela.

Sobre a história, Jorge Salgueiro conta que "há um presidente da associação de estudantes que cai da cadeira, que é substituído por um outro que defende ideais um pouco estranhos, há uma eleição para a associação de estudantes, à qual concorre uma outra lista - a lista Cravo", que sai vitoriosa.

“É um paralelismo entre a queda do Salazar, a tomada de poder por Marcello Caetano e o surgimento do Salgueiro Maia”, contou Jorge Salgueiro, referindo que o musical é pensado para jovens, “abordando temáticas muito atuais”.

O maestro e compositor referiu que o espetáculo será de apresentação única, sem possibilidade de circulação por outros locais e palcos.

“A Associação Setúbal Voz faz imensas criações, mas depois temos alguma dificuldade em fazer circular. Neste momento nós continuamos a ser uma estrutura pequena, apesar do apoio da Direção-Geral das Artes. A instituição é relativamente jovem e tem uma estrutura pequena”, lembrou.

Fundada em 2016, a Associação Setúbal Voz é um projeto artístico focado no canto lírico, tanto na interpretação de repertório tradicional como em novas criações.

Atualmente, a associação trabalha em várias valências, tendo um coro, um ateliê de formação de cantores e a Companhia de Ópera de Setúbal, tudo isto numa cidade que é “terra natal da maior cantora lírica portuguesa de todos os tempos, Luísa Todi” (1753-1833), lê-se na página oficial.

No entender de Jorge Salgueiro, “para se fazer circulação nacional ou internacional [de espetáculos] é preciso que haja uma produção por detrás a vender, a divulgar, a insistir com entidades”.

“Nós ainda não temos capacidade de promoção e de fazer chegar aos produtores e às salas o conhecimento de que existimos. […] Setúbal é uma cidade que está muito próxima de Lisboa, mas não se chama Lisboa. Há alguma dificuldade em fazer acreditar as pessoas que a Associação Setúbal Voz faz espetáculos extraordinários. Isso vai levar o seu tempo”, disse.