A 20 de abril, Allison Mack, conhecida pelo seu papel na série televisiva ‘Smallville’, foi presa e acusada de tráfico sexual pela sua alegada ligação a uma seita, a Nxivm, para a qual recrutaria mulheres.
Agora com 35 anos, Mack começou a carreira ainda na infância e cruzou-se algumas vezes com Mara Wilson, que ficou conhecida por "Papá para Sempre" (1993), "Milagre em Manhattan" (1994) e "Matilda, a Espalha Brasas" (1996) e agora num ensaio para a revista Elle explica o apelo da alegada seita de sexo para alguém como Mack e mesmo ela própria: os atores "fazem grandes acólitos".
Com 31 anos e sem ser atriz profissional desde o ano 2000, Wilson revela também que lhe ofereceram papéis em dois projetos de cariz religioso e pensa saber a razão: queriam convertê-la e usá-la como exemplo de uma antiga estrela de Hollywood que "viu a luz" e se redimiu.
Quando falou do fenómeno nas redes sociais, alguém lhe respondeu com humor que talvez existisse uma rivalidade entre seitas para ver quem a recrutava primeiro, mas a antiga atriz acha que a ideia não era tão descabida como poderia parecer.
"As pessoas julgam que os atores que já não trabalham estão perdidos. É uma narrativa que querem criar para nós: que estamos com problemas e precisamos de orientação, que conscientemente nos afastámos de Hollywood. Se estivermos a lutar contra doenças mentais e vícios, melhor ainda. Elas querem ser as que nos mostram o caminho. Querem que sejamos a sua história de sucesso", explicou.
"Foi-me oferecido um papel num filme chamado '1973', também conhecido como 'Roe v Wade' [numa referência ao caso que levou o Supremo Tribunal dos EUA a reconhecer o direito ao aborto ou interrupção voluntária da gravidez]. Estava escrito de um ponto de visto marcadamente anti-aborto e pró-vida e era produzido e financiado por ativistas socialmente conservadores. Queriam que interpretasse a famosa feminista Betty Friedan, que não é retratada de uma forma elogiosa —e era na altura 20 anos mais velha do que sou agora. O argumento era fraco e o elenco pareceu-me como uma 'quem é quem' de antigas estrelas dos anos 80 e 90", escreveu Wilson, a pensar na presença de Jon Voigh, Robert Davi, Stacey Dash, Jamie Kennedy, Joey Lawrence, Corbin Bernsen, Steve Guttenberg ou William Forsythe.
"Porque é que me estavam a enviar isto, pensei? Sim, fui moderadamente famosa nos anos 90, mas não estava mais à procura de trabalho no cinema. Não me considero pró-vida ou politicamente conservadora desde cerca dos 13 anos, e nunca fui Cristã. Então é que percebi: talvez pensassem que este argumento me fizesse mudar de ideias", continuou.
"Outro argumento cristão conservador que me enviaram era ainda mais flagrante. Em vez de nomes de personagens, escreveram os atores que gostariam, idealmente, que interpretassem cada papel. O meu nome estava lá, tal como o de muitas outras antigas estrelas infantis. Notei aqui um padrão. Não é que não existam precedentes; Kirk Cameron [da série 'Growing Pains', emitida entre 1985 e 1991] famosamente tornou-se um cristão conservador após ficar desencantado com Hollywood e Anus T. Jones falou com os pecados da série 'Dois Homens e Meio'. Mas esse não era o meu caso", garantiu.
Comentários